“Cada vez mais pacientes lotam as
nossas clínicas e consultórios queixando-se de um vazio interior, da sensação
de uma total falta de sentido de suas vidas. Podemos definir esse vácuo
existencial como a frustração do que podemos considerar a motivação fundamental
no homem, e o que podemos chamar de... a vontade de sentido”. Victor Frankl
O mundo mudou e disso
todos nós sabemos. Ao mesmo tempo, que ganhamos com novas tecnologias, avanços
científicos, “liberdade de expressão” perdemos a maior parte da nossa vida para
pagar o preço da evolução. Pagamos esse preço quando não temos tempo para
desfrutar das nossas conquistas materiais, ou quando não conseguimos participar
do crescimento dos nossos filhos, ou quando nossa saúde está comprometida, ou quando
percebemos que ligamos o “piloto automático” e nada do que estamos sendo e
fazendo faz sentido e que a única coisa que nos acompanha é o vazio.
Dados da Isma-Brasil (International
Stress Management Association), revelaram que 80% dos brasileiros
economicamente ativos sofrem com a sobrecarga profissional e com os excessos
que os cercam. É preciso cumprir prazos restritos e demandas cada vez mais
complexas, acompanhar mudanças tecnológicas, enfrentar avaliações de desempenho
e rendimento, e ainda manter um relacionamento razoável com clientes, chefes,
colegas, família e amigos. Isso sem falar da preocupação em se manter
empregado. Segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International
Stress Management Association - Isma-Brasil, no Brasil estima-se que as
organizações poderiam ter uma economia de até 34% se diminuíssem os índices de
stress ocupacional e doenças decorrentes dele.
O mundo empresarial
convive com a realidade do aumento espantoso dos casos de doenças ocupacionais.
As estatísticas estão aí para comprovar que estamos sofrendo uma das piores
crises do mundo – a crise existencial. Arrisco em dizer até que nossas crises
econômicas são consequências da nossa crise existencial. Buscamos um sentido
para nossa vida no consumismo, nas relações efêmeras, no excesso de trabalho,
etc. Sofremos pelo excesso na agonia de preencher nossa falta.
Segundo Hilsa Flávia A
Coutinho no seu artigo Saúde e Profissão:
uma nova forma de vida, a presença de profissionais da área da saúde, como
psicoterapeutas, fisioterapeutas, nutricionistas, educadores físicos,
terapeutas holísticos, nas empresas facilitaria as ações preventivas e
curativas das mesmas, sendo aplicadas medidas cabíveis de prevenção e cura.
O trabalhador opera em
média 70% de seu potencial. Se uma empresa investe no desenvolvimento da
promoção da saúde, atendendo as necessidades e interesses de seus
trabalhadores, o potencial para aumento na produtividade é significativo
(Mendes e Dias, 1991).
Sabemos que as empresas
vivem tempos cada vez mais competitivos e velozes. Porém, algumas medidas
preventivas, como parcerias ou contratações de profissionais da área da saúde, podem
ajudar as empresas no que diz respeito à redução do número de licenças de
funcionários por doenças, dos gastos com o tratamento da saúde do trabalhador, das
reclamações na Justiça devido a acidentes do trabalho, sem contar que o
bem-estar e qualidade de vida proporcionado pela empresa refletirão na
produtividade e, consequentemente, nos resultados e objetivos a serem cumpridos.
Passamos a maior parte de
nossa vida para o trabalho, numa empresa, trabalhamos mesmo não estando dentro
do escritório, compramos roupa para trabalhar, cuidamos da nossa estética para
o trabalho, e assim por diante. Consequência disso é a falta de tempo livre
para cuidar de si, para estar com a família, para estar com os amigos, para
desfrutar a vida. A busca do equilíbrio entre vida profissional e pessoal
continua sendo um dos maiores desafios do ser humano.
Por isso o ideal, embora
não seja realidade para todos, é se pudéssemos seguir aquele provérbio italiano
que diz: “Quem faz o que gosta, nunca vai trabalhar na vida!”. Uma relação
satisfatória com a atividade de trabalho é fundamental para o desenvolvimento
nas diferentes áreas da vida e esta relação depende, em grande escala, dos
suportes que os indivíduos recebem durante seu percurso profissional.
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