Eu
falo de amor a vida;
Você
de medo da morte.
Eu
falo da força do acaso;
Você
de azar ou sorte.
Eu
ando num labirinto;
Você
numa estrada em linha reta.
Eu
experimento o futuro;
E
você só lamenta não ser o que era.
Então me diz qual é a graça de
já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada.
A
seta e o Alvo - Paulinho Moska
Por que é tão difícil
deixarmos aquela pessoa que não faz mais parte da nossa vida ir
embora?
O fato que negamos é que a pessoa não faz mais parte. E o que acontece é que insistimos em mantê-la presente no nosso dia-a-dia. E mantemos, muitas vezes, por egoísmo, por medo do que iremos sentir, por medo de não conseguirmos sobreviver sem a rotina que faz parte, que preenche o nosso vazio. O que tememos perder não é a pessoa em si, mas tudo que ela representa; tudo que ela proporciona para o nosso ego.
O ponto central que nos impede de romper, de cortar o
cordão emocional é o Medo. Afinal, se eu cortar esse cordão o que vai restar? Para
onde eu vou? O que eu serei? O que eu farei?
Por mais que, nos momentos de lucidez, de coragem de “virar
a mesa”, de assumirmos o controle dos nossos desejos e vontades, racionalmente,
temos consciência que acabou, que não tem como continuar, ainda assim não
conseguimos colocar um ponto final. Afinal, precisamos continuar o que, sendo
que não existe mais troca de carinhos, de olhares, de palavras, de
entendimento. Que qualquer copo sujo é motivo de brigas, qualquer calcinha
pendurada no banheiro é início da 3ª Guerra Mundial. Sem contar que o sexo é
algo que quando acontece é tão automático que o desejo se resume em terminar
logo.
No entanto,
optamos por alimentar a ilusão de que um dia algo possa acontecer e que
voltaremos ao que fomos um dia. Nos apegamos a esperança de que “amanhã vai ser
diferente”. Nada vai mudar, se nós não propusermos e praticarmos a mudança.
Somos dominados pelo medo e ficamos inertes, cegos, apáticos.
No fundo temos medo de nos arrepender, medo de sermos felizes sem esta pessoa,
de assumirmos para nós mesmos que o sonho acabou, que nossas juras de amor não
são eternas.
Nos sabotamos a todo momento, criamos armadilhas,
caminhamos para um lado, quando lá no fundo gostaríamos de estar indo para o
outro lado. O medo nos faz refém, nos rouba a vida. Ele é articulado, eloquente,
persuasivo. Ele faz surgir os mais convincentes e lógicos argumentos para não
desapegarmos de algo ou alguém. Ele ressuscita crenças que, teoricamente, já
havíamos superado, mas que assumem o comando novamente e transformam a maneira
de vermos a realidade, ou seja, do jeito que é mais cômodo, que nos coloca “distantes”
da dor da perda.
E por mais que as pessoas nos digam que acabou, que está
nítido o distanciamento, que tentem nos mostrar que estamos investindo nossa
energia e tempo em algo que não existe mais, não adianta. Qualquer mudança só
ocorrerá quando percebermos, genuinamente, que precisamos pensar diferente,
aceitar a situação e assumir nossas escolhas rumo à felicidade dos dois.
Precisamos
nos imaginar fora dessa condição de escravos do que um dia desejamos. Aceitar que
é apenas um momento triste, de frustração, mas que existe vida após o término
de um relacionamento. Existe a nossa vida.
Se continuarmos
a alimentar nossos pensamentos com lamentações, insegurança, dúvidas, de que
sem o outro não seremos mais nada; ou que se nós deixarmos a relação o outro
vai morrer, continuaremos a sentir e a viver como um nada, como um corpo sem
vida; morto. Assim, como esta ruim para nós é muito provável que esteja para a
outra pessoa também. Que ela não esteja feliz, satisfeita e que não tenha mais
o mesmo brilho no olhar de quando se era inteiro.
Segundo,
Judith Viorst, enquanto a pessoa amada simbolizar certos ideais valiosos para
nós, continuaremos a vê-la como uma pessoa ideal; como sonhamos e desejamos um
dia. Porém, incoerente para o que somos e queremos hoje.
É necessário
para nos sentirmos felizes e satisfeitos com as nossas escolhas, que aceitemos
que essas expectativas que tínhamos com essa pessoa foi um ideal que não faz
mais parte da nossa vida. Que precisamos virar a página para que os dois se
sintam livres para seguir seus caminhos. Que devemos ser gratos por tudo que
vivemos e ao nos libertarmos da cegueira do amor ideal teremos que enfrentar a
realidade de que outras pessoas podem ocupar esse lugar, que outros
relacionamentos podem nos proporcionar momentos de grande aprendizado e autoconhecimento.
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