Todo excesso nunca será
pouco para causar prejuízos.
Ana Matos
Não quero
falar sobre a questão das drogas como sendo uma apologia contra o uso. Mesmo
porque, temos informações o suficiente para sabermos dos malefícios de cada uma
delas. O ponto é que, muitas vezes o uso, seja do que for, vai ser bom ou ruim conforme
a dose que se toma. Se fizermos um uso excessivo de palavras rudes, elas farão
mal a quem ouve; se tomarmos um remédio na dose inferior ao recomendado pelo
médico, não terá efeito algum e sua doença não será atingida; e por aí vai.
Enfim, todo excesso nunca será pouco para causar prejuízos.
A reflexão que
tenho sobre o assunto e o que quero compartilhar é que as drogas são o gatilho
para a covardia de consumar atos de crueldade e desrespeito. O que mata não é a
arma que o cara segura e aponta, mas o poder que a droga dá. Segundo uma
matéria que saiu no site “O Globo”, em 27 de maio de 2014, por Demetrio Weber e
Odilon Rios, sobre o Mapa da Violência que foi lançado em 2014, com dados
levantados até 2012, diz que a taxa de homicídios é a maior desde 1980. Esse
levantamento foi baseado no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do
Ministério da Saúde, que tem como fonte os atestados de óbito emitidos em todo
o país. O que me chamou a atenção é que 70% dos homicídios têm as drogas como
pano de fundo.
Só que antes
mesmo de chegarmos nas drogas, existe um caminho anterior onde nos deparamos
com um mundo cada vez mais caótico, embora evoluído tecnologicamente. Todos os
dias nos noticiários, nas redes sociais, nas conversas aleatórias nos deparamos
com tragédias, mortes de inocentes, comportamentos agressivos, tudo isso
reflexo de uma luta desenfreada para preencher um vazio da ausência de amor e
de limites.
É nítida a
falta de estrutura familiar, a perda dos valores básicos do ser humano - como o
amor, o respeito, a não-violência. Estamos sem base! Estamos sem chão! Estamos
perdidos! Sim! Vivemos numa sociedade perdida, com escolhas vazias e sem
sentido, reflexo do que somos.
Mas, estamos
perdidos por que não temos aonde buscar? Não, estamos perdidos porque nos
acomodamos com as coisas fáceis, rápidas, ilusórias e porque não queremos “perder
tempo” pensando. E a sociedade de hoje toma suas decisões da seguinte forma: “Se
você não me quiser tem outro que quer”, “se você não fizer esse serviço para
ontem tem outro que faz”, e “se você não fizer na hora que eu quero eu não te
quero mais”, “se meu filho está chorando eu empurro o celular ou o ipad e
pronto”, “se você quiser falar sobre nosso relacionamento é melhor terminar”.
Tudo é descartável por excesso de falta.
Excesso esse
da falta do pensar, da reflexão, que também vem da falta de estrutura familiar,
educacional e governamental e que reflete nas escolhas que fizemos – como, por
exemplo, a escolha de caminhos ilusórios.
Não somos uma
sociedade com capacidade de escolha, com discernimento e conteúdo para
tanto. Não somos e nem herdamos o DNA
dos “caras pintadas”. E tudo que nos exigir um movimento maior, não faremos.
Enquanto isso,
vamos vivendo num mundo onde permitimos que as drogas alimentem nossas ilusões
de poder, onde permitimos que os governantes continuem roubando na nossa cara,
onde os assassinos continuem soltos, e os herdeiros dessa raça continuem
fazendo “bom proveito” da nossa inércia mental, física e moral. E por excesso
de ilusões seremos vítimas de nós mesmos.
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