É difícil assumir que as
escolhas são nossas, que o problema não é o outro e sim nós mesmos. Temos que ter em mente que amar alguém não se
aprende nos livros, não existe fórmula, não vem no nosso DNA, não se nasce
sabendo, se aprende no dia-a-dia, (con)vivendo, errando, acertando e, principalmente, se amando.
Temos medo de entrar no
nosso “Universo Particular”, temos medo de nos questionarmos, de analisar por
que agimos ou reagimos de uma forma agressiva ou até mesmo indiferente. E se as
perguntas já causam medo, imagine as respostas. Sendo assim, não fazemos
nenhuma coisa e nem outra; e continuamos superficiais e vítimas do mundo. Se não
estivermos dispostos a usar nosso potencial cerebral para sermos mais do que “papagaios
de TV”, nada vai mudar. Muitos problemas que enxergamos nos outros estão na
nossa incapacidade de reconhecer que também somos assim.
Como
disse Augusto Cury, se o Eu da própria pessoa não tiver consciência da
necessidade de mudança e não atuar como autor de sua história, todo esforço do mais
hábil psiquiatra ou psicólogo, terapeuta ou até das pessoas próximas será
completamente impotente diante de um EU inativo, que não utiliza seu potencial
de questionamento, reflexão e de querer ser mais.
Trabalhamos
incansavelmente para criar uma fachada, máscaras, uma persona, para que ninguém descubra nossos desejos mais obscuros,
nossos pensamentos mais sombrios, impulsos e histórico pessoal. É neste
esconde-esconde nos perdemos na nossa própria escuridão. Só que ao mesmo tempo,
como disse Debbie Ford no livro Efeito Sombra, nossa persona nos convence de que não há nada que desconheçamos a nosso
respeito – de que somos de fato, a pessoa que vemos no espelho e acreditamos
ser. No entanto, uma vez que compramos a história de “esse é quem sou”,
fechamos a porta para qualquer outra possibilidade e negamos a nós mesmos tudo
o que poderíamos ser. Perdemos a liberdade de ser quem, de fato, queremos ser
porque não conseguimos fazer nada fora do âmbito da personalidade que estamos
encenando. A persona previsível que
construímos agora está no controle. Tornamo-nos cegos às imensas possibilidades
de nossa vida. Somente quando pararmos de fingir ser o que não somos – quando já
não sentimos a necessidade de esconder ou compensar por nossa fraqueza ou
nossos talentos – conheceremos a liberdade de expressar o verdadeiro Eu, tendo
habilidade para escolher com base na vida que verdadeiramente desejamos viver. Quando
rompemos esse transe e já não nos preocupamos se somos adequados, nem tememos o
que as pessoas pensam de nós, podemos nos abrir e aproveitar as oportunidades
que poderiam passar despercebidas quando estamos encurralados em nossa
história, por trás de nossa máscara, em nossa escuridão.
Debbie Ford disse que sem
perceber, nos posicionamos para provar que somos mais, melhores ou diferentes
que o restante, ou tentamos ficar invisíveis para nos adequar sem chamar
atenção, chegando até a própria anulação. Esforçamo-nos para criar a persona que acreditamos que nos trará a aprovação
e o reconhecimento que desesperadamente precisamos ou, de modo alternativo, nos
dê uma desculpa para não viver na íntegra uma vida que amamos. E vamos nos
desconfigurando, nos fragmentando, rompendo com nosso Eu, até que um dia a casa
cai.
Para que possamos estar em
constante contato conosco precisamos exercitar a filosofia - a pensar, a
duvidar das nossas crenças, a criticar de forma construtiva nossos
comportamentos e construir uma visão positiva de nós mesmo e uma vida que
esteja pertinente aos nossos desejos, pensamentos e sentimentos. A mudança é
uma prova de amor para o nosso Eu. É o reconhecimento de que podemos mais, de
que somos mais e de que merecemos mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário