sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quem é você amanhã?



Quanto aos homens, não é o que eles são o que me interessa, mas o que eles podem se tornar. Jean Paul Sartre

            As pessoas fogem de sim mesmas, se perdem no meio da multidão, se afundam nas preocupações do dia-a-dia, na rotina e, quando olham para si não veem nada, não sabem dizer o que buscam para si. Desde muito cedo somos questionados sobre o que queremos ser quando crescer e não somos incentivados, estimulados a nos conhecer. Vivemos numa sociedade que nos afasta de nós mesmos. Sociedade esta criada por nós – homens e mulheres. A luta pela sobrevivência neste mundo caótico não nos deixa muito tempo para pararmos para pensar se, de fato, queremos fazer parte disso. Simplesmente vamos seguindo conforme o que nos foi pré-estabelecido pela cultura, religião, padrões, tradição, etc.
            Em grandes linhas, fomos criados para termos uma profissão, casar, ter filhos, netos, nos aposentar e esperar a morte chegar. Porém, há algum tempo essa forma de se construir vem sendo questionada, quebrada e reconstruída por alguns. Quebrar paradigmas, destruir para poder reconstruir faz com que o sentimento de “falta de chão”, de desorientação venha à tona. É natural que neste processo de reconstrução, principalmente se o caminho for oposto ao “imposto” socialmente, que haja momentos de vazio, de solidão, de angústia, de querer voltar atrás e se abandonar novamente.
            De fato, constatamos diariamente que o homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado, como disse Jean Jacques Rousseau. Somos livres para escolher como dar forma a nós mesmos, embora tenhamos de aceitar algumas limitações sociais. No entanto, dentro do âmbito das escolhas realistas, com frequência descobrimos que quando coagidos, tomamos decisões baseadas no hábito ou na visão habitual que temos de nós mesmos. Não nos permitimos “olhar de cima”, “a pensar fora da caixa”.
          Segundo Jean Paul Sartre, filósofo existencialista, a escolha do que queremos nos tornar está em nossas mãos, somos seres compelidos a determinar um propósito para as nossas vidas, seja ela afetiva, social, pessoal... afinal, dentro da filosofia existencialista, não existe um poder divino que prescreve esse propósito, devemos definir a nós mesmos.
            Definir a nós mesmos não é apenas uma questão de ser capaz de dizer o que somos como seres humanos. Em vez disso, é uma questão de assumirmos a forma de qualquer tipo de ser que escolhemos nos tornar. No entanto, escolher um caminho para ser o que queremos ser significa abrir mão de todos os outros caminhos. Qualquer escolha que façamos vem acompanhada da perda.
A perda faz parte da nossa construção, do nosso projeto de ser. São essas perdas que nos tiram da nossa zona de conforto. São elas que nos fazem enxergar além do nosso próprio umbigo. A perda nos trás aprendizado. É a oportunidade que temos para ganhar o amadurecimento, para nos descobrirmos, para nos conhecermos, para encararmos de frente quem somos e projetar o que queremos ser amanhã.