sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Síndrome de Burnout: quando a chama do talento apaga-se!


Por Patricia Bispo

Milhares de profissionais veem-se diante de uma realidade: lidar com uma rotina cada vez mais acelerada e com uma competitividade que não respeita limites. Esse fato, por sua vez, exige que o indivíduo apresente uma entrega completa para oferecer uma performance diferenciada e atender as expectativas que a empresa tanto espera dele. Mas a "máquina humana" tem limites, em determinado momento o próprio organismo começa a presentar sinais explícitos de que ultrapassou as barreiras do físico e do próprio campo emocional. O estresse passa a ser visto apenas como um sintoma inicial. A exaustão apresenta-se em grau mais elevado, a mente já não consegue encontrar soluções para problemas rotineiros e o sentimento que paira na mente é que todo o combustível que antes existia no organismo foi completamente queimado. 

Essa realidade de extrema tensão - que atinge trabalhadores de vários segmentos - é conhecida como Síndrome de Burnout e vem sendo estudada há mais de 30 anos. Trata-se de um quadro que se caracteriza pelo estado de esgotamento profissional, tensão emocional e estresse crônico provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. De acordo com Flora Victoria, vice-presidente da SBCoaching e especialista no assunto, quem é vitimado por essa síndrome costuma apresentar outros sinais que vão além do esgotamento físico e emocional, pois manifestam-se sintomas como agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima. 

Em entrevista concedida ao RH.com.br, ela esclarece que: "Um estudo realizado por pesquisadores da Utrecht University, na Holanda, apontou que as capacidades psicológicas amortecem o impacto das pressões profissionais que podem conduzir ao Burnout. Ou seja, as demandas físicas e psicológicas não resultam em elevados índices de Burnout se os funcionários dispuserem de autonomia, feedback, apoio do grupo ou se receberem coaching de seus supervisores". Confira a entrevista na íntegra e faça uma reflexão sobre o nível de pressão que você e a sua equipe têm sido expostos, para que medidas preventivas sejam tomadas como antecedência. Boa leitura e até breve!


RH.com.br - O que caracteriza a Síndrome de Burnout? 
Flora Victoria - A Síndrome de Burnout - também conhecida como síndrome do esgotamento profissional - é um distúrbio psíquico precedido de esgotamento físico e mental intenso. A palavra burnout é de origem inglesa e significa "queimar por completo".


RH - Quando e onde foi a primeira vez que está síndrome foi registrada?
Flora Victoria - A denominação foi cunhada pelo psiquiatra nova-iorquino Herbert J. Freudenberger em 1974, que a definiu como sendo "o estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional". Seu conceito clínico de Burnout - Psicologia -, foi originalmente desenvolvido a partir de seu trabalho em clínicas e por meio de comunidades terapêuticas.


RH - A Síndrome de Burnout manifesta-se apenas em ambientes de trabalho?
Flora Victoria - Inicialmente, o estudo dirigido por Freudenberger apontou que a síndrome é geralmente desenvolvida como resultado de um período de esforço excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para recuperação. Mas, não há um consenso geral da comunidade científica a respeito. Alguns pesquisadores discordam sobre a natureza desta síndrome defendendo que a síndrome é percebida como um caso especial da depressão clínica mais geral ou apenas uma forma de fadiga extrema, independentemente da vida profissional do indivíduo.



RH - O que a difere de outras patológicas como, por exemplo, a Síndrome do Pânico?
Flora Victoria - A característica mais marcante desta síndrome é o estado de tensão emocional e do estresse crônico provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.


RH - Atualmente, quais são as profissões que mais apresentam vítimas da Síndrome de Burnout?
Flora Victoria - A síndrome manifesta-se especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso. Entre elas podemos citar profissionais nas áreas de saúde - principalmente médicos e enfermeiros, educação, assistência social, Recursos Humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada.


RH - De que forma esta síndrome pode ser identificada no dia a dia de trabalho?
Flora Victoria - O profissional perde consideravelmente seu nível de rendimento e de responsabilidade para com as pessoas e para com a organização da qual faz parte. Também apresenta manifestações fisiológicas como cansaço, dores musculares, falta de apetite, insônia, frieza, dores de cabeça e dificuldades respiratórias.


RH - Quais as principais consequências que essa síndrome traz para o profissional e, consequentemente, para seu time?
Flora Victoria - Sem dúvida alguma, as mais evidentes são a perda de produtividade no trabalho e a diminuição progressiva dos resultados da equipe, o que causará impacto negativo em toda a empresa.


RH - Supondo que a liderança identificou que um dos seus talentos apresenta sinais claros da Síndrome de Burnout, qual o primeiro passo a ser dado para ajudar esse profissional?
Flora Victoria - Pode ser feita uma abordagem direta com o profissional, de modo a informá-lo sobre as percepções que a empresa vem tendo sobre esses sinais. A organização pode, por exemplo, combinar com o profissional que ele tire alguns dias de descanso e possa buscar ajuda médica especializada.


RH - A área de RH deve ser comunicada quando um profissional apresenta sinais claros dessa síndrome?
Flora Victoria - A gerência de Recursos Humanos deve estar atenta, preparada e receptiva a ser informada sobre qualquer questão que interfira na vida profissional dos seus colaboradores. Tudo o que estiver causando algum impacto negativo na rotina de um profissional é algo necessário de ser comunicado ao RH.


RH - Qual o tratamento indicado para pessoas que vitimadas pela Síndrome de Burnout? 
Flora Victoria - A indicação de um dos hospitais mais renomados do país, o Albert Einstein, é a realização de um exame minucioso para analisar se os problemas enfrentados estão relacionados ao ambiente de trabalho ou à profissão. Somente um especialista no tema pode, por meio de exames psicológicos, avaliar se é o ambiente profissional que causa o estresse ou se são as atitudes da própria pessoa que passam a ser o estopim. Combinado à terapia, os especialistas aconselham melhorar a qualidade de vida, prevenir o estresse, garantir uma boa saúde física, dormir e alimentar-se bem, praticar atividades físicas, cultivar hobbies e ter uma vida social ativa. Acredito que o ideal para quem esteja se sentindo esgotado é procurar por um especialista no tema para fazer os exames psicológicos necessários.


RH - Que ações práticas a empresa pode adotar para que seus colaboradores não se tornem vítimas da Síndrome de Burnout?
Flora Victoria - Um ótimo exemplo a ser pensado como prevenção frente à síndrome é a aplicação de coaching in company para os seus colaboradores. O processo de coaching, entre muitos benefícios, promove o aumento das potencialidades humanas, minimizando os seus pontos fracos. Um estudo realizado por pesquisadores da Utrecht University, na Holanda, apontou que as capacidades psicológicas amortecem o impacto das pressões profissionais que podem conduzir ao Burnout. Ou seja, as demandas físicas e psicológicas não resultam em elevados índices de Burnout se os funcionários dispuserem de autonomia, feedback, apoio do grupo ou se receberem coaching de seus supervisores. Isso indica que quanto mais o profissional se fortalece em determinadas competências, mais ele estará distanciando-se do risco de sofrer os sintomas da síndrome. 

RH - Que recomendações a senhora daria para as empresas que ainda não se preparam para lidar com a Síndrome de Burnout?
Flora Victoria - As empresas precisam entender que investir em seu capital humano é o melhor caminho. Quando você disponibiliza ferramentas para que os seus colaboradores possam se desenvolver, principalmente no que tange ao controle do estresse, você estará contribuindo diretamente para a diminuição dos índices de Burnout no seu quadro.

Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Qualidade_de_Vida/Entrevista/9777/sindrome-de-burnout-quando-a-chama-do-talento-apaga-se.html#

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