segunda-feira, 23 de abril de 2012

Para que serve a Psicanálise?



(veja o que alguns psicanalistas responderam à enquete realizada pelo jornal Folha de São Paulo)

Contardo Calligaris
"Serve para diminuir ao mínimo possível o sofrimento neurótico e o sofrimento banal, ou seja, reduzi-los ao que é totalmente inevitável; serve para tentar reorientar ou desorientar a vida da gente - desorientar é uma maneira de orientar! Enfim, servepara tornar a experiência cotidiana muito mais interessante. Pensando bem, quase tudo se inclui nessas três coisas"

Luiz Tenório Oliveira Lima
"A psicanálise é um método de investigação do modo de funcionar da mente que, bem-sucedido, tem como consequências um desenvolvimento maior da personalidade e proporcionar condições de bem-estar mental. Para que serve? Eu poderia perguntar: para que serve existir? A utilidade da psicanálise compartilha com o sentido de nossa própria existência"

Anna Verônica Mautner
"Tratar das dores da alma. E é um processo tão longo para diluir a dor quanto foi para implantá-la. A substância com a qual a psicanálise lida não obedece às leis da mecânica. Não tratamos de matéria, não tratamos de concretudes: são dores da alma, substâncias de outra categoria"

Jorge Forbes
"Serve para possibilitar que a pessoa suporte viver a pós-modernidade. Saímos de uma sociedade que estabelecia claramente os certos e os errados. O homem atual se apavora frente a essa liberdade e se esconde atrás das fórmulas prontas de viver. Nesse contexto, a psicanálise vai na contracorrente da ideologia de que tudo tem remédio, dos livros de autoajuda e das neorreligiões. Ela transforma a angústia paralisante do homem frente à liberdade responsável das opções em uma ação criativa"

Juan-David Nasio
"O objetivo da psicanálise é libertar o paciente de seus sintomas e de seus problemas. Acima de tudo, é um método curativo, além de ajudar a transformar o paciente em alguém mais adaptado à sua realidade e aumentar a sua inteligência emocional"

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

terça-feira, 17 de abril de 2012

Para além do corpo a cura da alma



“Mens sana in corpore sano” ("uma mente sã num corpo são") - Poeta romano Juvenal

Em seu livro Anatomia Emocional, Stanley Keleman diz que a existência é um tributo a vida organizada em formas vivas. Ser um indivíduo é seguir os impulsos da própria forma e aprender suas regras únicas de organização. Em todos os níveis a vida é um processo – uma cadeia interligando fatos isolados de vida diferenciados em formas específicas de existência. Tudo está interligado e para isso não precisamos ter doutorado em Harvard para perceber. Se prestarmos o mínimo de atenção em nós mesmos perceberemos como as nossas emoções, os nossos pensamentos afetam nosso estado de espírito e nosso comportamento. E ainda, como as emoções podem influenciar o nosso comportamento, as nossas condições afetivas e transformar-se em distúrbios somáticos.
Visto que, somos seres humanos com preocupações, temores, esperanças e desesperos, como um todo indivisível e não apenas como portadores de um estômago, de um fígado, de uma coluna, é incongruente pensar que as doenças não venham, porém, não somente, de uma causa emocional.
Segundo Cristina Cairo em seu livro a Linguagem do Corpo, a mente humana foi arquitetada pela natureza, com equilíbrio e perfeição, para que pudéssemos usufruir dos benefícios das leis físicas e naturais do Universo, mas a consciência materialista pensa existir somente o que se pode provar aos olhos e não o que se pode provar através da sensibilidade. Afinal, está provado pela física, a existência de cores, sons e aromas, além da nossa limitada percepção sensorial. Somos limitados por ignorância e falta de treino e preferimos chamar isto de misticismo. O que pouco importa o nome que nós seres humanos damos as coisas que não conseguimos entender, provar ou aceitar, se no final o resultado é o alívio da nossa dor.
Segundo os estudos das terapias holísticas o desequilíbrio é sempre assinalado primeiramente nos campos sutis do indivíduo, refletindo-se em uma mudança inicial nos padrões de pensamentos, sentimentos e emoções. E estes padrões também são os pontos centrais da Terapia Cognitiva, criada por Aaron Beck. A terapia cognitiva parte do princípio de que a maneira como pensamos determina o modo como nos sentimos, nos comportamos e nossas reações corporais. Assim podemos perceber que tudo está conectado e que as respostas são nos dada de diferentes formas.
Segundo Rupert Sheldrake, biólogo inglês, conhecido por sua teoria da morfogênese, do qual faz parte a teoria dos campos morfogenéticos, afirma que a informação é aquilo que imprime forma dentro das coisas, ela IN-FORMA. Sendo assim, torna-se evidente a constatação de que a vida opera através de padrões de informação. Ou seja, cada doença representa um padrão, assim como cada situação que nos acontece na vida são padrões formando campos determinados e específicos que experimentamos ao longo da nossa existência. Se estes padrões não estão em harmonia com o que queremos ser, com o todo, vamos nos distanciando mais e mais de nós mesmos abrindo espaço para as doenças no nosso corpo e na nossa alma. A doença é uma informação negativa, apresentando cada uma um padrão específico e nos alerta de que algo não está conectado.
A arte de se curar é, antes de tudo, a arte de se perceber além do corpo, além do que se está vendo ou do que se está sendo dito verbalmente. Precisamos, antes de mais nada, saber ouvir nossa alma e enxergar o todo. A cura não depende da capacidade intelectual do indivíduo, mas sim da percepção do seu sistema interior, ou seja, o autoconhecimento. A doença, muitas vezes, se comunica por meio do nosso corpo, nos dizendo que existe algo que não está muito adequado com o que somos de fato, que os caminhos que estamos escolhendo se distanciam do que queremos ser.
As terapias holísticas, as psicoterapias são um caminho para à elaboração do processo de individuação do nosso ser rumo à nossa plenitude, e não servem, unicamente, com o intuito de resgatar o nosso inferno interior e nossas sucessivas supressões e encargo impostos ao longo da nossa vida. Curar é dar condições ao alquimista interno de cada um, no sentido de encontrar as ferramentas e as energias necessárias para compor sua autotransformação e cura. É libertação e transcendência.

A angústia e o inconsciente determinados pela escolha




“Que mentir para si mesmo é sempre a pior mentira” - Legião Urbana

Freud não estava errado quando dizia que somos frutos da nossa história familiar, do nosso passado, do contexto em que fomos criados. No entanto, podemos mudar o rumo da nossa história a qualquer momento. Porém, se optamos por aceitar o determinismo psíquico ou a própria teoria do inconsciente de Freud para justificar o que somos e fazemos hoje, usamos de má-fé.  
Má-fé é um conceito que foi criado por Jean Paul Sartre, filósofo existencialista do século 19. O existencialismo considera cada ser humano como único, e senhor absoluto do seu destino e de suas atitudes. Salienta a subjetividade, a responsabilidade e a liberdade individual do homem, que este só pode esquecer por má-fé.
No seu artigo Filosofia da Liberdade, Sérgio Amaral Silva diz que para Sartre a má-fé é um mecanismo pelo qual o homem procura se defender da angústia que a consciência da liberdade provoca. Todavia, por meio dessa defesa equivocada, nos distanciamos de nosso projeto pessoal, nosso projeto de vida – do que somos e queremos ser – incorrendo no equívoco de explicar nossos fracassos pela interferência de fatores externos como Deus, o destino, os astros ou a sorte. Nesse contexto, inclusive a teoria do inconsciente, formulada por Sigmund Freud (1856- 1939), era considerada um exemplo de má-fé. Visto que, de acordo com Freud, as pessoas experimentam repetidamente pensamentos e sentimentos que são tão dolorosos que não podem suportá-los. Tais pensamentos e sentimentos (assim como as recordações associadas a eles) não podem ser expulsos da mente, mas, em troca, são expulsos do consciente para formar parte do inconsciente, são reprimidos.
Freud comparou a mente humana com um iceberg, um grande bloco de gelo flutuante onde a ponta que fica visível seria a consciência, enquanto que a imensa porção submersa representaria o inconsciente, contendo os traumas, frustrações, vontades reprimidas e inconfessos desejos. Esse conteúdo reprimido não consegue acessar diretamente o consciente, mas acaba emergindo pelas manifestações do inconsciente que são: os sintomas, sonhos, chistes ou atos falhos, presentes no que ele chamou de psicopatologia da vida cotidiana. Desse modo, na visão freudiana, o inconsciente é um enorme subterrâneo de forças vitais invisíveis, motivando a maior parte dos pensamentos e ações conscientes do homem, além de ser o responsável por grande parte dos distúrbios psíquicos. Porém, é o que nos mantêm na “dita normalidade” que a sociedade, ou seja, nós homens determinamos.
A questão não é confrontar o existencialismo com a teoria Freudiana, mas entender o homem e suas escolhas por meio dessas duas correntes representativas. Mesmo o existencialismo tendo surgido depois de Freud, numa outra época, num outro contexto, o fato do homem ter que assumir ser o único responsável pelo seu destino, invariavelmente, faz com que ele passe a viver num estado de angústia, de desamparo e desespero. No seu livro o Existencialismo é um Humanismo, Jean Paul Sartre, diz que o homem que se engaja e que se dá conta de que ele não é apenas quem ele escolheu ser, mas também um legislador que escolhe simultaneamente a si mesmo e a humanidade inteira, não consegue escapar ao sentimento de sua total e profunda responsabilidade. Segundo Sérgio Amaral Silva, enquanto está sozinha, a consciência do homem pode reinar como senhora absoluta de seu destino e usufruir em plenitude de uma liberdade que desconhece barreiras. Isso se transforma radicalmente na presença do outro, cuja subjetividade passa a ser mais uma entre as coisas do mundo. Ao contrário da situação anterior, essa nova coisa não é apenas mais uma que se oferece passivamente à minha apreciação, mas ela, ao mesmo tempo, me identifica, não mais como o sujeito que eu era, mas como objeto de seu mundo. Sou, de certo modo, paralisado pelo meu próprio olhar. Passo a ser observado e julgado com a liberdade do pensamento alheio, sobre o qual não tenho nenhum poder ou influência. Ou seja, o outro pode pensar o que quiser sobre mim, independente da minha vontade ou controle, o que representa uma ameaça permanente. A liberdade alheia é um perigo para a minha, que também a põe em risco.  No entanto, esse é o preço a pagar pela escolha de ser o senhor de sua liberdade.
A grande questão é que se reprimimos, recalcamos, se utilizamos de mecanismos de defesas ou nossas ações e vontades vem à tona por meio das manifestações do inconsciente – atos falhos, chistes, sonhos ou sintomas -, existe uma razão para que elas se manifestem dessa forma. Existe uma razão por agirmos de má-fé. E somos nós que escolhemos. Descobrir os “por quês” cabe a cada um, se for do seu interesse entender. Uma das formas de se aprofundar nas suas próprias questões é pela busca do autoconhecimento, que pode ser feito por meio da terapia, seja ela individual ou em grupo. 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Momento e pessoa: encontro perfeito




“Um dia alguém entrará em sua vida e te fará entender por que nunca deu certo com ninguém antes.” Autor desconhecido

       Você já reparou que atraímos pessoas conforme o nosso momento, nossas necessidades?  Nós encontramos fora o que na verdade mora dentro, como disse Fernanda Mello. E quando você acha que está preparado, pronto para ter algo... encontra a pessoa e depois de um tempo tudo desmorona. E lá se foram suas expectativas, planos, sonhos... para a gaveta das frustrações.
            Muitas vezes nós que estamos atraindo relações que não dão certo. Será que estamos abertos para ter algo sério? Será que era para não acontecer? Será que realmente aquela pessoa iria te fazer feliz?
        Por mais que no nosso consciente esteja certo e claro que queremos alguém, que queremos viver uma relação... podemos ter arquivado no nosso inconsciente um desejo oposto ao consciente. Isso faz com que escolhemos ou nos atraímos pela “pessoa errada”. E então surge a pergunta: Por que deu certo com ele(a) e não comigo?
        O que acontece é que a pessoa errada para um pode não ser para outro. O que caracteriza a pessoa errada são as incompatibilidades. Incompatibilidades do momento de cada um, de prioridades, de personalidade, etc. Sendo assim, ela pode dar certo com outra pessoa. Como disse as pessoas podem estar em momentos diferentes, podem ter prioridades que não se cruzam, que não se encaixam naquela fase das suas vidas. É simples e ao mesmo tempo complexo, afinal, aparentemente tinha tudo para dar certo.
            Para passar das primeiras noites, semanas, meses, precisa haver o encaixe das peças prioritárias e importantes para ambas às partes. E isso, só iremos descobrir vivendo, experimentando, nos permitindo e nos abrindo as oportunidades e pessoas que aparecem na nossa vida.
Se apareceu a pessoa errada para o momento certo ou se apareceu a pessoa certa, mas no momento errado, talvez não seja a pessoa adequada para o momento que estamos vivendo. As pessoas não surgem na nossa vida por acaso. Algum aprendizado sempre deixamos e/ou recebemos.
Muitas vezes, as pessoas aparecem na nossa vida como ponte para te levar a outra. Afinal, tudo está conectado e como disse William Shakespeare: “tem mais mistérios entre o céu e terra do que supõe nossa vã filosofia”. O importante é nunca deixar de acreditar que seu encontro perfeito vai acontecer.

terça-feira, 10 de abril de 2012

A mudança é um salto no escuro



Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Fernando Pessoa

          
Por que muitas vezes preferimos permanecer em situações ruins, que não são mais satisfatórias e que não são mais prazerosas? Primeiro ponto é aquela velha questão: se você continuar agindo da mesma forma continuará tendo os mesmos resultados. Se quisermos crescer, se quisermos ser mais, precisamos fazer diferente, pensar e agir para além do que já vem sendo feito.
            A importância do autoconhecimento está em entender quais foram os “Inputs”, quais foram as questões que nos levaram a permanecer, a aceitar determinadas situações na nossa vida que não nos faziam mais felizes, que já estavam esgotadas. O que mais explica os padrões de comportamento intrínseco dos seres é o que podemos observar no comportamento dos sapos em resposta a dois estímulos básicos. Sabe-se que quando um sapo é jogado em uma panela de água fervente, sua reação é imediata no sentido de saltar para fora. No entanto, se colocado na panela fria que vai sendo aquecida lentamente, não é capaz de reagir e saltar para fora quando começar o perigo de vida. Ele perde efetivamente essa capacidade de reação, permitindo que a situação determine a sua morte.
            Analogamente, é o que ocorre com o ser humano, frente a um quadro agudo ou a um chove (em nível físico ou emocional), e frente a um quadro crônico ou quadros emocionais que estressam progressivamente o indivíduo. A correria do dia-a-dia, as loucuras dessa nossa busca desenfreada, enfim, são coisas tão sutis que nem nos damos conta do mal que nos fazem. Vamos agindo e reagindo no automático.
            Precisamos saber enxergar o todo e nos enxergar diferente do que estamos sendo. Se nos projetarmos como mais um, seremos mais um. É fundamental trabalhar o pensamento, nos projetarmos e criar oportunidades para que o que queremos aconteça. Se determinadas situações não nos fazem bem, podemos começar nos visualizando fora dela. Como seria se fosse diferente? Se não estivéssemos mais ali? Como podemos nos conhecer melhor e não permitir estarmos numa panela de água fria que vai aquecendo aos poucos...
            Para mudar qualquer situação precisamos saber perder, abrir mão. Precisamos deixar para trás padrões, crenças, necessidades e até pessoas que não fazem mais parte desse mundo que construímos ou queremos hoje. Para sermos mais, para sermos grande, sejamos inteiros, como disse Fernando Pessoa. Mas, sejamos também conscientes e desapegados.
            Preferimos muitas vezes permanecer nas situações ruins ao desconforto da mudança.  Pois a mudança é um salto no escuro. No entanto, a partir do momento que vamos superando os obstáculos do caminho, que vamos solucionando problemas, as luzes vão se acendendo e quando menos esperamos ao olhar para o lado veremos refletidas as várias facetas do que somos e nem imaginávamos. Veremos aonde chegamos e mais: veremos o que nos tornamos.

Qualidade de Vida: sonho ou realidade?




“Há duas tragédias na vida: uma a de não satisfazermos os nossos desejos, a outra a de os satisfazermos.” Oscar Wilde

O termo qualidade de vida foi utilizado pela primeira vez por Lyndon Johnson, em 1964, então presidente dos Estados Unidos, que declarou: “...os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas”. (Revista Salus-Guarapuava-PR. jan./jun. 2007). Hoje temos muitas definições sobre qualidade de vida, pois é algo extremamente subjetivo e individual. Porém, ela envolve o bem físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos e também a saúde, educação, poder de compra e outras circunstâncias da vida.
Sendo a qualidade de vida, também, um conceito individual ela pode ter um significado em um determinado momento da sua vida e depois num outro momento ela pode passar a ter outro significado. Pode ser estar com sua família em casa todas as noites e curtir momentos de lazer, ou pode ser jogar bola com os seus amigos, se dedicar para o trabalho ou até mesmo não fazer nada.
Assim, como cada individuo tem um perfil comportamental, funciona e (re)age de determinada forma, cada indivíduo também escolhe como viver e aproveitar melhor a sua vida. Independente disso, não podemos esquecer que precisamos estar equilibrados em todos os aspectos que fazem parte de ser humano – familiar, social, afetivo e profissional.
Segundo Fritjof Capra em seu livro O Ponto de Mutação, para ser saudável, estar em equilíbrio, um organismo tem que preservar sua autonomia individual, mas, ao mesmo tempo, estar apto a integrar-se harmoniosamente em sistemas mais vastos. A doença é, portanto, uma conseqüência de desequilíbrio e desarmonia, e pode, com muita freqüência, ser vista como decorrente de uma falta de integração com o sistema, o meio. Ser saudável significa, portanto, estar em sincronia consigo mesmo – física e mentalmente – e também com o mundo circundante. Quando não existe essa sincronia o mais provável é que ocorra uma doença.
Numa pesquisa recente sobre Stress e Qualidade de Vida, foram ouvidos 480 executivos entre 28 e 52 anos de 328 empresas em nove estados e resultado é de ficar perplexo. "As pessoas estão muito doentes". Nada menos que 95% dos pesquisados declararam não ter visto os filhos crescerem, 89% disseram ter insônia e um percentual idêntico está frustrado com a carreira. A maioria toma calmante e a maioria teme perder o emprego. E mais: 75% sentem falta de lazer e 85% não tiram férias regulares. Apenas 10% se disseram bem-casados e 66% admitiram ter aventuras extraconjugais. Outro dado estarrecedor: 22% disseram que seus filhos usam drogas.  
Outro dado importante é que problemas causados pelo estresse - depressão, alcoolismo, hipertensão, dor de cabeça e outros - levaram 1,3 milhão de brasileiros a se afastarem do trabalho e receberem auxílio-doença, segundo uma pesquisa recente da UnB (Universidade de Brasília), divulgada no começo de abril de 2011. E o pior é que o stress ainda é tratado como bobagem ou frescura por muitas pessoas.
Hoje temos todo recurso de mobilidade, mas temos que estar na empresa cumprindo horário das 8h às 18h, por exemplo. Isso quando, para garantir uma boa imagem e mostrar que “vestimos a camisa” esse horário é extrapolado.
Até que ponto é incentivado o uso dos programas de qualidade de vida que as empresas, na sua maioria adotam, para sair nos rankings da melhores, maiores, etc? Se as empresas têm programas de qualidade de vida, considerando o bem estar físico, mental dos seus colaboradores por que as pessoas estão tão estressadas, tão insatisfeitas e o índice de afastamento só aumenta?
Tenho minhas dúvidas se cabe esperar algo que venha das empresas. Talvez, ainda demore um tempo para que “as empresas” entendam que estão lidando com pessoas e que cada uma delas tem suas particularidades. Esperar pela empresa é se eximir da nossa responsabilidade por nós mesmos. Podemos sim proporcionar a nós mesmos umas boas férias, um bom jantar, um bom final de semana. A busca pelo equilíbrio deve ser constante. O parar e refletir para que caminho estamos indo é fundamental para que não nos distanciemos das pessoas que nos cercam e, principalmente de nós mesmos. Que essa busca seja de uma forma saudável e não quando a doença se instaurar.
O engajamento profissional é para fazer o homem progredir em todos os aspectos. Afinal, se nos sentimos felizes no trabalho somente em véspera de feriado ou numa sexta-feira, certamente algo não está indo bem. Permita-se viver de forma equilibrada, e que seu trabalho seja um meio para a realização do seu projeto de vida, seus objetivos pessoais e uma oportunidade de evolução como ser humano.

“Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.” Mahatma Gandhi

Para descontrair um pouco faça o teste Você tem qualidade de vida? no site http://sitededicas.ne10.uol.com.br/teste_quavida.htm