quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A angústia do excesso de informação


A dor de nunca saber o bastante
O excesso de informação provoca a angústia típica dos tempos atuais e
leva à conclusão de que, às vezes, saber demais é um problema

O eterno sentimento humano de ansiedade diante do desconhecido começa a tomar uma forma óbvia nestes tempos em que a informação vale mais que qualquer outra coisa. As pessoas hoje parecem estar sofrendo porque não conseguem assimilar tudo o que é produzido para aplacar a sede da humanidade por mais conhecimento. Alguns exemplos dessa síndrome:
  • Uma edição de um jornal como o New York Times contém mais informação do que uma pessoa comum poderia receber durante toda a vida na Inglaterra do século XVII.
  • Todos os anos é produzido 1,5 bilhão de gigabytes em informação impressa, filme ou arquivos magnéticos. Isso dá uma média de 250 megabytes de informação para cada homem, mulher e criança do planeta. Seriam necessários dez computadores pessoais para cada pessoa guardar apenas a parte que lhe caberia desse arsenal de conteúdo.
  • Atualmente existem mais de 2 bilhões de páginas disponíveis na internet. Até o fim do ano esse número estará beirando os 3 bilhões.
  • Até o início dos anos 90, a televisão brasileira tinha menos de dez canais. Hoje há mais de 100 emissoras no ar, em diversas línguas, com especialidades diferentes.
  • Os americanos compram uma quantidade superior a 1 bilhão de livros por ano. Mais de 43% dos americanos que declaram ser consumidores vorazes de literatura lêem cinco deles por ano. De acordo com a mesma pesquisa, 7% dos computadores dizem ler mais de cinqüenta livros por ano.
Por trás desses elementos, há um fenômeno mais geral. Países, empresas, escolas, famílias estão se rearticulando em outros modelos numa velocidade nunca vista. Mudar é um inferno para a maioria das pessoas. Mais infernal ainda é a sensação de que o mundo está girando a muitas rotações a mais do que nós mesmos. "O mal-estar de nosso tempo é a inadequação, o sentimento opressivo de que as outras pessoas estão fazendo as coisas certas, lendo os livros que contam e usando os computadores e programas mais modernos enquanto nós estamos ficando para trás na carreira ou nos relacionamentos", diz o americano Wayne Luke, autor de um livro que compara o ambiente de excesso de informação que existe hoje a uma "areia movediça".
Luke observa que nas sociedades ocidentais as pessoas se sentem pisando em um chão não muito firme, por não conseguir metabolizar a carga de informações disponível em livros, na imprensa, na televisão e na internet. "Quanto mais sabemos, menos seguros nos sentimos", escreveu Luke.
Para tornar essa angústia ainda mais palpável, atualmente as pessoas são bombardeadas pelo desempenho de modelos excepcionais cujas façanhas ganham espaço cada vez maior na televisão, em jornais, revistas e livros de auto-ajuda. Diante desses modelos de eficiência, a maioria se sente como algumas mulheres na presença de Gisele Bündchen. Em comparação com a modelo, há sempre algo errado com elas. Sobra ou falta alguma coisa. Segundo psicólogos, na imaginação de muita gente o mundo está apinhado de Giseles corporativas ou sociais. Daí resulta inevitavelmente um sentimento de inadequação.
Como toda ansiedade, a angústia típica de nosso tempo machuca. Seu componente de irracionalidade é irrelevante para quem se sente mal. O escritório de estatísticas da Inglaterra divulgou recentemente uma pesquisa que é ao mesmo tempo um diagnóstico. Cerca de um sexto dos ingleses entre 16 e 74 anos se sente incapaz de absorver todo o conhecimento com que esbarra no cotidiano. Isso provoca tal desconforto que muitos apresentam desordens neuróticas.
O problema é mais sério entre os jovens e as mulheres. Quem foi diagnosticado com a síndrome do excesso de informação tem dificuldade até para adormecer. O sono não vem, espantado por uma atitude de alerta anormal da pessoa que sofre. Ela simplesmente não quer dormir para não perder tempo e continuar consumindo informações. Os médicos ingleses descobriram que as pessoas com quadro agudo dessa síndrome são assoladas por um sentimento constante de absolescência, a sensação de que estão se tornando inúteis, imprestáveis, ultrapassadas. A maioria não expressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma sensação de desconforto - o que já é bastante ruim.
Segundo outra pesquisa feita em cinco países pela Reuters Business Information, metade dos executivos ouvidos pelos encarregados do trabalho afirmou não se sentir capaz de lidar com toda a informação que recebe. Uma terceira descoberta feita no Japão pelos pesquisadores Michael Song e Mitzi Montoya-Weiss mostra que as pessoas que trabalham com produtos de alta tecnologia são as mais afetadas. Elas tendem a ser mais inseguras de suas possibilidades profissionais que as empregadas em ramos mais tradicionais da economia. Com razão. Na vanguarda competitiva das empresas digitais, a temida obsolescência profissional é tão real quanto o ar que se respira. Tecnologias sobem aos céus da Nasdaq e descem ao purgatório da insignificância em questão de meses.
Nesse setor, toda a informação disponível parece ser insuficiente para se manter à tona. O escritor americano Po Bronson, o maior cronista da civilização criada pelos zumbis do Vale do Silício, conta histórias apavorantes dessa corrida desenfreada. "Nunca houve uma disputa tão ríspida entre pessoas e empresas como a criada pela tecnologia da informação", diz Bronson.
O excesso de informação não escolhe idade nem sexo.
A paulista Renata Gukovas, de 13 anos, sabe exatamente o que isso. Ela vai à escola, estuda japonês e inglês, joga basquete e handebol e participa de competições de matemática. "O que me falta na vida? Tempo. Queria que o dia tivesse trinta horas"
A área de publicações científicas é um capítulo especial nesse terreno do excesso de dados disponíveis. Há 100 anos existiam cerca de 200 revistas científicas no mundo. Agora são mais de 100.000, 10.000 delas de medicina. Essa área ferve. Uma biblioteca eletrônica médica que arquiva os artigos das 4.800 principais revistas do ramo tem registrados mais de 12 milhões de arquivos, e a cada ano outros 700.000 entram para o catálogo. Há hoje os cybercondríacos, pessoas que por meio de pesquisas sobre saúde na internet descobrem informações que deveriam estar disponíveis apenas para médicos.
São a versão 2001 dos hipocondríacos. Eles passam a apresentar sintomas imaginários. "Isso é cada vez mais comum", diz o infectologista do hospital Albert Einstein Artur Timerman. Um estudo recente feito com 17.000 internautas pelo site Netaddiction concluiu que 6% deles têm comportamento compulsivo diante da internet. Entre esses comportamentos está um francamente vicioso. "Há pessoas que se não lêem a mesma informação em três ou quatro fontes diferentes ficam inseguras sobre sua veracidade.
Para o médico Arthur Timerman, atender pacientes que fazem pesquisa na internet e, sem a menor base, querem palpitar no tratamento virou rotina. "Sem um bom conhecimento prévio, a internet é um caos que joga com a ignorância das pessoas"
São 'dataholics', literalmente viciados em informação", define Renato Sabbatini, neurocientista da Universidade de Campinas. Só agora os especialistas começam a distinguir o que é apenas uma manifestação de desconforto psicológico inespecífico de uma síndrome provocada pela correria da vida moderna. "A ansiedade por informação ainda não é considerada isoladamente. Está dentro de uma categoria denominada ansiedade por formação, que por sua vez é um dos componentes do stress associado ao trabalho", diz Márcio Bernik, psiquiatra-chefe do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
O Ambulatório de Ansiedade da USP ainda não pesquisa a ansiedade de informação especificamente. Mas tem atendido um número crescente de ansiosos que mencionam como causa de suas apreensões a incapacidade de absorver informações no ritmo que consideram ideal. "Ler e aprender sempre foi tido como algo bom, algo que deveríamos fazer cada vez mais. Não sabíamos que haveria um limite para isso. Está acontecendo com a informação o que já aconteceu com o hábito alimentar. Em vez de ficarmos bem nutridos, estamos ficando obesos de informação", diz Anna Verônica Mautner, psicanalista em São Paulo.
Vale a pena examinar, agora, como se sentem aqueles que a sociedade considera modelares, os vencedores na corrida profissional e social. O economista Odair Abate, há seis anos responsável pelo departamento de economia do banco LIoyds no Brasil, nos fornece um bom exemplo. É ele quem analisa os cenários econômicos nacional e mundial e dá as diretrizes para a atuação do banco. Como fontes de informação, Abate lê jornais, revistas e os relatórios de uma consultoria econômica. Consulta regularmente seu banco de dados, sabatina freqüentemente dois ou três políticos com quem mantém contato. Além disso, acessa sites exclusivos e caros na internet que lhe trazem informações fresquinhas 24 horas por dia. E como Abate se sente depois de carregar todos os seus neurônios com informações de primeira linha? "Tenho a nítida sensação de não ter lido tudo o que deveria. Isso me deixa ansioso.
Felizmente, depois de muitos anos de trabalho, aprendi a lidar com isso e reduzir minha margem de erro", diz Abate. Entre os vencedores, no imaginário das pessoas, estão sem dúvida os executivos com formação de padrão internacional, os diplomados dos cursos de MBA, o famoso Master in Business Administration. Pois bem, eles igualmente se sentem atolados em palavras, números, gráficos, imagens e sons. "Vivemos angustiados com tanta informação", diz Renato Cotta de Mello, coordenador do MBA da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Nosso curso é freqüentado por executivos de 35 a 37 anos que já sabem muita coisa. O objetivo é ensina-los a não acumular mais conhecimento, mas a colocar o que sabem dentro de um contexto que faça sentido prático."
Os professores dessas escolas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, investem boa parte de sua energia em alertar os alunos para o fato de que não há esperança de que as exigências do mercado diminuam. "O grande desafio para esses estudantes é aprender que antes de gerenciar um negócio é preciso aprender a gerenciar a própria ansiedade", resume Alberto Luiz Albertin, professora e coordenador na área de negócios da era digital da Fundação Getúlio Vargas.
Isso é possível? Talvez para alguns, dificilmente para todos. O que se sabe ao certo é que a multiplicidade de informação sempre gera desconforto. "Há dados demais e eles muitas vezes não são confiáveis. Por isso a ansiedade é uma constante em minha vida. Além de rastrear tudo o que posso na internet, ainda checo o que descubro em fontes tradicionais, em geral mais confiáveis", diz o advogado José Eduardo Carneiro Queiroz, paulistano de 30 anos, especialista em mercado de capitais. Queiroz é o mais jovem sócio do escritório de advocacia Mattos Filho,
A vida no campo também está sendo contagiada pela síndrome da informação. Em Nova Mutum, Mato Grosso, o fazendeiro Sérgio Nogueira paga cerca de 500 reais por mês para ter acesso à internet. "Sem acompanhar a Bolsa de Chicago ou a previsão do tempo, não sei quando plantar ou vender meu produto. Aqui, informação vale ouro"
de São Paulo. É também o que mais utiliza a internet como fonte de informação. "Meus clientes são instituições financeiras e empresas com títulos nos mercados de ações, que geralmente precisam de respostas imediatas. Dependem de eu estar a par de um acontecimento, uma mudança de regra. Preciso ser extremamente bem informado", afirma.
O americano Richard Saul Wurman, autor dos livros Ansiedade de Informação e Ansiedade de Informação2, este último lançado no final do ano passado nos Estados Unidos e ainda não publicado no Brasil, sugere que as pessoas encarem o mundo como um grande depósito de material de construção. E o que fazer com a matéria-prima? Ora, diz ele, seja um arquiteto de sua própria catedral de conhecimento. A arma para isso é a "ignorância programada", ou seja, a escolha criteriosa do que se quer absorver.
O resto deve ser deixado de lado, como o compositor que intercala pausas de silêncio entre as notas para que a música faça sentido aos ouvidos. "A ansiedade de informação é o buraco negro que existe entre os dados disponíveis e o conhecimento. É preciso escapar dela", observa Wurman. Ou, ao menos, não deixar que ela assuma proporções dolorosas para quem precisa ultrapassá-la no dia-a-dia.

Sinais do naufrágio
Se você apresenta alguns dos sintomas, é sinal de que também sofre de angústia da informação:
  • Por mais esforço que faça, não consegue sentir-se atualizado com o mundo a sua volta;
  • Sente-se culpado cada vez que olha para a pilha de jornais e revistas e o volume de e-mails recebidos que não conseguiu ler;
  • Fica abatido quando uma pesquisa na internet resulta num documento de dezenas de páginas, pois acredita que, se não ler todas elas, não saberá tudo o que deve sobre o assunto;
  • Acena afirmativamente, sem convicção, sempre que alguém menciona um livro, um filme ou uma notícia de que você, na verdade, nunca ouviu falar;
  • Acha que o problema é seu e não do fabricante quando percebe que não consegue seguir as instruções para montar um aparelho que comprou;
  • Cerca-se de aparelhos digitais na esperança de que a simples presença deles a sua volta ajude a torná-lo uma pessoa mais adaptada à alta tecnologia;
  • Sente-se envergonhado quando tem de dizer "Não sei", mesmo que a pergunta se refira à sucessão no Nepal ou ao novo programa de correio eletrônico da Microsoft.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O Cérebro - Documentário do History Channel


Documentário do History Channel sobre o cérebro. São abordados os temas: medo, sexo, esportes radicais, efeitos da dopamina, distúrbio de personalidade (psicopatia), moralidade, memória, esporte, paranormalidade e bioinformática.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Cérebro Dividido - Racional x Emocional


Animação interessantíssima que ilustra a luta entre nossa parte racional e a emocional. Ligue a licença poética porque se trata de uma super generalização.

Depressão se transforma na maior causa de afastamento




“Eles tiraram a minha arma”, relata Gabriela*, uma escrivã da Polícia Civil do DF, de 46 anos, que, em 2008, descobriu sofrer de depressão. O sujeito “eles”, a que ela menciona, tomou tal decisão para proteger a mulher, inclinada a cometer suicídio nos momentos mais intensos da doença. Mas também se refere ao próprio transtorno. A depressão desestabiliza. Os relatos são de isolamento, fraqueza e dor. Na descrição dos pacientes, é como se perdessem o controle sobre o corpo, a mente e os sentimentos. Como se ele, o transtorno, lhes tirasse a própria arma.

São 23 anos dedicados à Polícia Civil do DF e à família, principalmente ao filho e ao marido. Gabriela se descreve como uma pessoa que nunca vê serviço por fazer e deixa pra lá. Ao contrário. Ela sempre esteve presente e carregou por anos uma enorme sobrecarga de trabalho e de funções. “Vivia com o mundo nas costas.” O primeiro sintoma a surgir foi a falta de sono. Como trabalhava em esquema de plantão, nos dias de folga, não dormia e, no serviço, estava cansada. Gabriela fazia ainda faculdade de direito. No início, desconfiou que fosse labirintite, pelas tonturas que sentia.

“O ápice foi durante um flagrante da Lei Maria da Penha, em que travei. O mundo girava. Me deu  fraqueza e uma sensação de abandono. Fiquei fora de mim. É algo complexo, só quem passa entende.” Ao contar o que sentia para um otorrino, o médico negou a hipótese de labirintite e recomendou que Gabriela buscasse uma ajuda psiquiátrica. A primeira medida da médica foi afastá-la da delegacia por alguns dias, além de prescrever medicação. Começava ali uma batalha diária.

Pesquisas, profissionais da área e o próprio Ministério Público do Trabalho no DF confirmam que a depressão se configura hoje como uma das principais causas de afastamento profissional em diferentes áreas. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, em 2014, 388 pessoas no DF se ausentaram por motivo de transtorno depressivo recorrente. Em Brasília, problemas como estresse, depressão e síndrome do pânico correspondem a cerca de 60% dos motivos de ausência de servidores públicos estatutários — não incluídos as polícias Civil e Militar nem o Corpo de Bombeiros —, segundo pesquisa da Subsecretaria de Saúde, Segurança e Previdência dos Servidores (Subsaúde), que analisou ocorrências do biênio 2011 e 2012.

Vilão e mocinho

Assim como mostram os estudos e os comentários dos médicos e psicólogos, o trabalho tem dupla função na vida de Gabriela. É a doença, mas também a cura. “Trabalho não é a causa. Ele é motivador. Além de tudo, no meu caso, tem o contato com as dores e as mazelas da sociedade, que fragilizam. É como um copo de água que vai pingando, mas um dia transborda”, ilustra. O fato se comprova também pelo número de policiais que sofrem com problemas de saúde e, em muitos casos, chegam ao suicídio. Segundo Luciano Garrido, psicólogo e diretor de comunicação do Sindicato dos Policiais Civis do DF, houve cinco casos de suicídio na corporação em, aproximadamente, um ano e meio.

Quando ficou sete meses afastada do trabalho, a vontade de acabar com a dor do transtorno também passou pela cabeça de Gabriela. “Ficou uma lacuna na minha vida e na minha memória”, descreve. As janelas e as portas da casa ficavam fechadas. Ela não queria ver ninguém e não saía de casa. “Só não fiz besteira porque tenho um filho. Mesmo sem a arma, que me tiraram, cheguei a trazer escondido uma outra para dentro de casa. Até carta de despedida escrevi”, diz, emocionada.

Nessa fase, Gabriela tomava 18 comprimidos por dia. Chegou a pesar 160kg porque, além da medicação, o escape da angústia era a comida. A policial passou três dias seguidos sem dormir. Tinha crises de pânico e, ao puxar o ar, não conseguia respirar. “Estava dentro de um buraco. Teria que sair com as minhas próprias forças. Mas, até chegar a essa conclusão, é destrutivo.”
Além da luta contra as dores da alma, os profissionais precisam lidar com estigmas, sobretudo, em carreiras como a de Gabriela, em que o funcionário precisa se mostrar forte. 

“Muitas pessoas ainda não aceitam a doença, por não estar visível no corpo. Isso dificulta as relações de trabalho, pois uma vez doente, esse sujeito não estará em condições plenas na sua atividade laboral”, explica a subsecretária da Subsaúde, a psicóloga Luciane Kozicz. Na avaliação dela, a baixa produtividade gera uma sobrecarga de trabalho aos colegas, que não entendem o problema e, com isso, o afastamento do servidor das relações socioprofissionais agrava o adoecimento.

Na hora de voltar à rotina de trabalho, os relatos são, principalmente, de medo e insegurança. Mas, em alguns casos, a retomada é necessária inclusive para a melhora do transtorno. “Desde o início do meu tratamento, a Gabriela saudável é a que trabalha. A afastada não está bem. Mesmo com a minha dor, posso ajudar as pessoas.” Passados alguns anos, a mulher realizou uma cirurgia bariátrica e, após acompanhamento psiquiátrico e psicológico, pulou de 18 comprimidos para dois por dia. “Hoje, posso me olhar no espelho e não ter vergonha de mim. Acreditamos que somos super!, mas você cai na sua humanidade. A certeza de que chegaria em casa, fecharia a porta e estaria protegida com a família, além da fé e do tratamento com terapia, foi fundamental nesse processo.”

Mulheres mais afetadas

A Pesquisa Nacional de Saúde 2014, realizada pelo Ministério da Saúde em 1,6 mil municípios, entrevistando mais de 63 mil pessoas, apontou que a depressão, atualmente, atinge 11,2 milhões de pessoas com 18 anos ou mais no país. O diagnóstico da doença corresponde a 7,6% da população — sendo que a prevalência é de 10,9% entre as mulheres e 3,9% nos homens. A doença é mais comum entre os idosos — 11,1% acima de 60 anos, enquanto que 3,9% dos jovens de 18 a 29 anos relataram ter depressão. Do total dos que afirmaram receber o diagnóstico, 52% disseram usar medicamentos, 16,4% fazem psicoterapia e 46,4% receberam assistência médica nos últimos 12 meses. Os pacientes com o transtorno têm direito a atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

*O nome foi preservado a pedido da entrevistada.

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2015/03/25/internas_economia,568010/depressao-se-transforma-na-maior-causa-de-afastamento-de-servidores-no-distrito-federal.shtml

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Síndrome de Burnout: quando a chama do talento apaga-se!


Por Patricia Bispo

Milhares de profissionais veem-se diante de uma realidade: lidar com uma rotina cada vez mais acelerada e com uma competitividade que não respeita limites. Esse fato, por sua vez, exige que o indivíduo apresente uma entrega completa para oferecer uma performance diferenciada e atender as expectativas que a empresa tanto espera dele. Mas a "máquina humana" tem limites, em determinado momento o próprio organismo começa a presentar sinais explícitos de que ultrapassou as barreiras do físico e do próprio campo emocional. O estresse passa a ser visto apenas como um sintoma inicial. A exaustão apresenta-se em grau mais elevado, a mente já não consegue encontrar soluções para problemas rotineiros e o sentimento que paira na mente é que todo o combustível que antes existia no organismo foi completamente queimado. 

Essa realidade de extrema tensão - que atinge trabalhadores de vários segmentos - é conhecida como Síndrome de Burnout e vem sendo estudada há mais de 30 anos. Trata-se de um quadro que se caracteriza pelo estado de esgotamento profissional, tensão emocional e estresse crônico provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. De acordo com Flora Victoria, vice-presidente da SBCoaching e especialista no assunto, quem é vitimado por essa síndrome costuma apresentar outros sinais que vão além do esgotamento físico e emocional, pois manifestam-se sintomas como agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima. 

Em entrevista concedida ao RH.com.br, ela esclarece que: "Um estudo realizado por pesquisadores da Utrecht University, na Holanda, apontou que as capacidades psicológicas amortecem o impacto das pressões profissionais que podem conduzir ao Burnout. Ou seja, as demandas físicas e psicológicas não resultam em elevados índices de Burnout se os funcionários dispuserem de autonomia, feedback, apoio do grupo ou se receberem coaching de seus supervisores". Confira a entrevista na íntegra e faça uma reflexão sobre o nível de pressão que você e a sua equipe têm sido expostos, para que medidas preventivas sejam tomadas como antecedência. Boa leitura e até breve!


RH.com.br - O que caracteriza a Síndrome de Burnout? 
Flora Victoria - A Síndrome de Burnout - também conhecida como síndrome do esgotamento profissional - é um distúrbio psíquico precedido de esgotamento físico e mental intenso. A palavra burnout é de origem inglesa e significa "queimar por completo".


RH - Quando e onde foi a primeira vez que está síndrome foi registrada?
Flora Victoria - A denominação foi cunhada pelo psiquiatra nova-iorquino Herbert J. Freudenberger em 1974, que a definiu como sendo "o estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional". Seu conceito clínico de Burnout - Psicologia -, foi originalmente desenvolvido a partir de seu trabalho em clínicas e por meio de comunidades terapêuticas.


RH - A Síndrome de Burnout manifesta-se apenas em ambientes de trabalho?
Flora Victoria - Inicialmente, o estudo dirigido por Freudenberger apontou que a síndrome é geralmente desenvolvida como resultado de um período de esforço excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para recuperação. Mas, não há um consenso geral da comunidade científica a respeito. Alguns pesquisadores discordam sobre a natureza desta síndrome defendendo que a síndrome é percebida como um caso especial da depressão clínica mais geral ou apenas uma forma de fadiga extrema, independentemente da vida profissional do indivíduo.



RH - O que a difere de outras patológicas como, por exemplo, a Síndrome do Pânico?
Flora Victoria - A característica mais marcante desta síndrome é o estado de tensão emocional e do estresse crônico provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.


RH - Atualmente, quais são as profissões que mais apresentam vítimas da Síndrome de Burnout?
Flora Victoria - A síndrome manifesta-se especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso. Entre elas podemos citar profissionais nas áreas de saúde - principalmente médicos e enfermeiros, educação, assistência social, Recursos Humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada.


RH - De que forma esta síndrome pode ser identificada no dia a dia de trabalho?
Flora Victoria - O profissional perde consideravelmente seu nível de rendimento e de responsabilidade para com as pessoas e para com a organização da qual faz parte. Também apresenta manifestações fisiológicas como cansaço, dores musculares, falta de apetite, insônia, frieza, dores de cabeça e dificuldades respiratórias.


RH - Quais as principais consequências que essa síndrome traz para o profissional e, consequentemente, para seu time?
Flora Victoria - Sem dúvida alguma, as mais evidentes são a perda de produtividade no trabalho e a diminuição progressiva dos resultados da equipe, o que causará impacto negativo em toda a empresa.


RH - Supondo que a liderança identificou que um dos seus talentos apresenta sinais claros da Síndrome de Burnout, qual o primeiro passo a ser dado para ajudar esse profissional?
Flora Victoria - Pode ser feita uma abordagem direta com o profissional, de modo a informá-lo sobre as percepções que a empresa vem tendo sobre esses sinais. A organização pode, por exemplo, combinar com o profissional que ele tire alguns dias de descanso e possa buscar ajuda médica especializada.


RH - A área de RH deve ser comunicada quando um profissional apresenta sinais claros dessa síndrome?
Flora Victoria - A gerência de Recursos Humanos deve estar atenta, preparada e receptiva a ser informada sobre qualquer questão que interfira na vida profissional dos seus colaboradores. Tudo o que estiver causando algum impacto negativo na rotina de um profissional é algo necessário de ser comunicado ao RH.


RH - Qual o tratamento indicado para pessoas que vitimadas pela Síndrome de Burnout? 
Flora Victoria - A indicação de um dos hospitais mais renomados do país, o Albert Einstein, é a realização de um exame minucioso para analisar se os problemas enfrentados estão relacionados ao ambiente de trabalho ou à profissão. Somente um especialista no tema pode, por meio de exames psicológicos, avaliar se é o ambiente profissional que causa o estresse ou se são as atitudes da própria pessoa que passam a ser o estopim. Combinado à terapia, os especialistas aconselham melhorar a qualidade de vida, prevenir o estresse, garantir uma boa saúde física, dormir e alimentar-se bem, praticar atividades físicas, cultivar hobbies e ter uma vida social ativa. Acredito que o ideal para quem esteja se sentindo esgotado é procurar por um especialista no tema para fazer os exames psicológicos necessários.


RH - Que ações práticas a empresa pode adotar para que seus colaboradores não se tornem vítimas da Síndrome de Burnout?
Flora Victoria - Um ótimo exemplo a ser pensado como prevenção frente à síndrome é a aplicação de coaching in company para os seus colaboradores. O processo de coaching, entre muitos benefícios, promove o aumento das potencialidades humanas, minimizando os seus pontos fracos. Um estudo realizado por pesquisadores da Utrecht University, na Holanda, apontou que as capacidades psicológicas amortecem o impacto das pressões profissionais que podem conduzir ao Burnout. Ou seja, as demandas físicas e psicológicas não resultam em elevados índices de Burnout se os funcionários dispuserem de autonomia, feedback, apoio do grupo ou se receberem coaching de seus supervisores. Isso indica que quanto mais o profissional se fortalece em determinadas competências, mais ele estará distanciando-se do risco de sofrer os sintomas da síndrome. 

RH - Que recomendações a senhora daria para as empresas que ainda não se preparam para lidar com a Síndrome de Burnout?
Flora Victoria - As empresas precisam entender que investir em seu capital humano é o melhor caminho. Quando você disponibiliza ferramentas para que os seus colaboradores possam se desenvolver, principalmente no que tange ao controle do estresse, você estará contribuindo diretamente para a diminuição dos índices de Burnout no seu quadro.

Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Qualidade_de_Vida/Entrevista/9777/sindrome-de-burnout-quando-a-chama-do-talento-apaga-se.html#

Sobrecarga Colaborativa



Por Rob Cross, Reb Rebele e Adam Grant
Excesso de trabalho em equipe exaure funcionários e mina a produtividade. Saiba como evitar.
A colaboração está tomando conta do ambiente de trabalho. À medida que os negócios se tornam cada vez mais globais e interfuncionais, os silos estão caindo, a conectividade está crescendo e o trabalho em equipe é visto como chave do sucesso organizacional. De acordo com dados que coletamos nas últimas duas décadas, o volume de tempo despendido por gestores e funcionários em atividades colaborativas cresceu em 50% ou mais.
Sem dúvida há muito o que louvar nessas iniciativas. Entretanto, quando o consumo de um recurso valioso sofre uma ascensão tão meteórica, isso nos faz ou deveria nos fazer parar para pensar. Considere uma semana típica em sua própria organização. Quanto tempo se gasta em reuniões, telefonemas e emails? Em muitas empresas a proporção gira em torno de 80%, o que deixa aos funcionários pouco tempo para todo o trabalho crítico que devem concluir por conta própria. O desempenho é prejudicado à medida que se é soterrado por uma avalanche de solicitações por input ou orientações, acesso a recursos ou comparecimento a reuniões. Trabalho acaba sendo levado para casa, e logo, como comprova um vasto repertório de dados sobre o estresse, o desgaste e a rotatividade de pessoal se tornam riscos reais.
E mais: as pesquisas que realizamos em mais de 300 organizações mostram que a distribuição de trabalho colaborativo costuma ser extremamente desequilibrada. Na maioria dos casos, 20% a 35% das colaborações que agregam valor vêm de somente 3% a 5% dos funcionários. À medida que as pessoas se tornam conhecidas por serem capazes e dispostas a ajudar, elas são envolvidas em projetos e funções de importância cada vez maior. Sua generosidade e seu desejo de ajudar os outros rapidamente incrementam seu desempenho e reputação. Conforme mostra um estudo recente realizado por Ning Li, da University of Iowa, um único “atleta que vai além” — um funcionário que frequentemente contribui além de sua função — pode impulsionar o desempenho de uma equipe mais do que todos os outros membros juntos.
Porém essa “escalada da cidadania”, como chamada pelo professor Mark Bolino, da University of Oklahoma, só faz estimular as demandas que recaem sobre os colaboradores mais destacados. Constatamos que aquilo que começa como um ciclo virtuoso acaba se tornando um ciclo vicioso. Logo os funcionários prestativos se tornam pontos de estrangulamento institucionais. O trabalho não anda até que eles tenham se manifestado. E o pior, são tão exigidos que não conseguem mais ser pessoalmente eficientes. E na maior parte das vezes, o volume de trabalho diversificado feito por eles para beneficiar os outros passa despercebido, pois as solicitações vêm de outras unidades, dos mais variados escritórios ou até mesmo de numerosas empresas. Na verdade, quando utilizamos análise de rede para identificar os colaboradores mais fortes em organizações, os líderes costumam se surpreender por pelo menos metade dos nomes em suas listas. Em nossa busca para colher as recompensas da colaboração, inadvertidamente criamos mercados abertos para ela sem reconhecer os custos. O que os líderes podem fazer para gerir essas demandas de modo mais eficiente?
Recursos pessoais preciosos
Primeiro, é importante distinguir entre os três tipos de “recurso colaborativo” que funcionários individuais investem nos outros a fim de criar valor: informacionais, sociais e pessoais. Recursos informacionais são conhecimentos e habilidades — especialidade em determinadas áreas que pode ser registrada e transmitida. Recursos sociais envolvem o conhecimento, acesso e posição na rede, que podem ser utilizados para ajudar os colegas a colaborar melhor uns com os outros. Recursos pessoais incluem o seu próprio tempo e energia.
Esses três tipos de recurso não são igualmente eficientes. Os recursos informacionais e sociais podem ser compartilhados geralmente em uma única troca — sem depauperar o suprimento do colaborador. Isto é, quando ofereço meu saber ou conhecimento da rede, também o retenho para meu próprio uso. Porém o tempo e a energia de um funcionário individual são finitos, de modo que cada solicitação para participar de projetos ou aprovar decisões sobre eles o deixa com menos tempo disponível para seu próprio trabalho.
Infelizmente os recursos pessoais costumam ser a demanda padrão quando as pessoas desejam colaborar. Em vez de solicitarem recursos informacionais específicos ou sociais — ou, melhor ainda, de recorrer a repositórios já existentes, como relatórios ou bibliotecas do conhecimento —, as pessoas pedem assistência na prática que talvez nem venham a precisar. Uma troca que poderia ter levado cinco minutos ou menos se transforma em um convite para agendamento que leva uns 30 minutos para concluir, o que acaba desgastando os recursos pessoais em ambos os lados da solicitação.
Tomemos um estudo de caso de uma empresa de primeira linha de serviços profissionais. Quando ajudamos a organização a mapear as demandas com as quais um grupo de seus principais funcionários se deparava, constatamos que o colaborador no topo da lista — vamos chamá-lo Vernell — tinha 95 conexões baseadas em solicitações em andamento. Porém somente 18% dos solicitantes disseram que precisavam de um maior acesso pessoal a ele a fim de alcançar suas metas de negócios; o restante estava satisfeito com os recursos informacionais e sociais que ele estava fornecendo. A segunda pessoa mais conectada era Sharon, com 89 pessoas em sua rede, porém sua situação era notoriamente diferente, e mais perigosa, pois 40% destas queriam mais disponibilidade de tempo com ela — uma utilização significativamente maior de seus recursos pessoais.
Constatamos que à medida que a porcentagem de solicitantes buscando maior acesso vai para além dos 25, isso atrapalha tanto o desempenho do indivíduo quanto do grupo, tornando-se um forte indicador de rotatividade voluntária de pessoal. Ao se verem sobrecarregados com solicitações, os colaboradores bem cotados podem se dar conta de que acabam pagando um preço pelas boas ações.
A figura “Em demanda, porém desengajados”, refletindo dados sobre líderes de unidade de negócios em uma amostra de 20 organizações, ilustra o problema. As pessoas no centro superior e lado direito do quadro — isto é, aquelas consideradas como as melhores fontes de informações e com mais alta demanda como colaboradores em suas empresas — têm as avaliações mais baixas de engajamento e satisfação na carreira, conforme representado pelo tamanho de suas bolhas. Nossa pesquisa mostra que o resultado é que elas ou deixam a empresa, levando consigo conhecimento e recursos de rede valiosos, ou nela permanecem, mas transmitem aos colegas uma apatia crescente.
Os líderes podem resolver esse problema de duas maneiras: racionalizando e redistribuindo responsabilidades por colaboração e recompensando quem contribui de forma eficiente.
Leia mais em http://hbrbr.com.br/sobrecarga-colaborativa/

Administre sua cultura emocional



Por Sigal Barsade e Olivia A. O’Neill
A maioria dos líderes se preocupa com o que os funcionários pensam e como se comportam — porém, os sentimentos são igualmente importantes.
Antes de sair do trabalho todos os dias, os funcionários da Ubiquity Retirement + Savings apertam um botão no saguão. Não estão batendo o ponto — ao menos não no sentido tradicional. Estão na verdade registrando suas emoções. Há cinco botões a escolher: uma carinha sorridente se estavam felizes no trabalho naquele dia, uma carinha com testa franzida se estavam tristes e assim por diante.
Isso pode soar como um artifício do RH (“Estão vendo? A administração se preocupa com nossos sentimentos! ”) ou como um instrumento de satisfação forçada (“A equipe com o maior número de carinhas felizes ganha!”) . Mas não é nenhum dos dois. A Ubiquity está utilizando os dados que coleta para compreender o que motiva os funcionários — e saber o que os faz ter a sensação de pertencimento e entusiasmo no trabalho. Outras organizações estão começando a fazer o mesmo. Algumas utilizam apps que registram o quanto as pessoas estão se divertindo. Algumas contratam consultores de tecnologia que se especializam no rastreamento de humor mensal, semanal, diário ou mesmo a cada hora. Infelizmente, porém, essas organizações são a minoria. A maioria das empresas presta pouca atenção a como os funcionários estão — ou deveriam estar — se sentindo. Não se dão conta do quanto as emoções são fundamentais para desenvolver a cultura certa.
Quando as pessoas falam sobre cultura corporativa, estão normalmente se referindo à cultura cognitiva: valores, normas, artefatos e premissas intelectuais compartilhados que servem como um guia para o florescimento do grupo. A cultura cognitiva estabelece o tom de como os funcionários pensam e se comportam no trabalho — por exemplo, se são focados no cliente, inovadores, voltados para o trabalho em equipe ou competitivos.
A cultura cognitiva é sem dúvida importante para o sucesso da organização. Mas é somente parte da história. Outro aspecto crucial é o que chamamos de cultura emocional do grupo: valores, normas, artefatos e premissas afetivos compartilhados que governam as emoções que as pessoas têm e expressam no trabalho e as emoções que seria melhor suprimir. Embora a distinção-chave aqui seja pensamento versus sentimento, os dois tipos de cultura também são transmitidos de forma diferente: a cultura cognitiva costuma ser transmitida verbalmente, enquanto a cultura emocional tende a ser transmitida por meio de sinais não verbais, como linguagem corporal e expressão facial.
Apesar do renascimento da produção de conhecimento sobre as formas como as emoções moldam o comportamento das pessoas no trabalho (a chamada “revolução afetiva”), a cultura emocional é raramente gerida de modo tão deliberado como a cultura cognitiva — e frequentemente nem chega a ser gerida. As empresas sofrem com essa lacuna. Os funcionários que deveriam demonstrar compaixão (nos cuidados com a saúde, por exemplo) se tornam insensíveis e indiferentes. As pessoas a quem falta uma porção saudável de medo (digamos, em seguradoras ou bancos de investimento) atuam de modo inconsequente. Os efeitos podem ser especialmente danosos em tempos tumultuados, como os de reestruturação organizacional e de crise financeira.
Leia mais em http://hbrbr.com.br/administre-sua-cultura-emocional/

Um olhar sobre a saúde emocional na empresa



As relações e a dinâmica de funcionamento das pessoas com e nas empresas estão sendo radiografadas por novos estudos de psicossociologia, psicologia organizacional e do trabalho, psiquiatria social entre outros. São temas de estudos que as escolas de management não enfocam ou não pretendem enfocar.
Está cada vez mais séria a questão da saúde emocional das pessoas nas empresas. As estatísticas revelam um quadro preocupante quando apontam a saúde mental como o segundo maior motivo de afastamento do trabalho aqui no Brasil. Na Europa a preocupação dos estudiosos está se concentrando cada vez mais no suicídio no trabalho. São indicadores alarmantes que não podem ser ignorados. O tema obviamente incomoda a empresa, e sua discussão e enfrentamento vem sendo algumas vezes adiados ou delegados exclusivamente à área médica das empresas.
Em última instância são pessoas sofrendo no trabalho, portanto tema de interesse de todos que trabalham no desenvolvimento e no bem estar delas no seu dia-a-dia. Não é uma questão de encontrar culpados ou causas impossíveis de serem trabalhadas. Por outro lado, sabemos que o sofrimento emocional não tem sido denunciado pelos que são acometidos por ele exatamente por medo do preconceito e ainda, pela pessoa não saber qual será a reação da empresa, do seu gestor imediato ou da equipe na qual trabalha. Poucos estão dispostos a dividir seu sofrimento com algum profissional habilitado temendo represálias, quer dizer, além de sofrer as pessoas sofrem sozinhas e caladas.
É claro que muitas empresas têm feito esforços e apresentado algumas alternativas de solução e encaminhamento para o problema. Programas e campanhas de saúde, de qualidade de vida no trabalho, flexibilidade de horário e folgas são alguns exemplos específicos.
No entanto é possível se fazer muito mais, desde que se recorra aos tais estudos e as ferramentas e ações que propõem para enfrentar a questão.
mobbing, por exemplo, (o termo significa a complexa prática vexatória ou persecutória ou de violência psicológica, posta em prática deliberada e repetidamente por um empregador ou por superiores hierárquicos diretos, por colegas de trabalho de nível igual ou até por subalternos, em confronto com um profissional, com o objetivo de lhe provocar um estado de profundo mal-estar, isolamento e terror psicológico, possível de causar um dano notável no seu equilíbrio psico-físico) ficou conhecido também como assédio moral, virou caso de justiça, de passivo trabalhista. Na verdade poderia ser encarado como uma questão de clima, de ambiente de trabalho, de desenvolvimento de gestores ou de team building que são as velhas e conhecidas ferramentas de intervenção no espaço organizacional. Ou, se recorrermos às novas ferramentas, as clínicas do trabalho.
Outro exemplo o coping (estratégias de coping são esforços cognitivos e comportamentais para lidar com situações de dano, de ameaça ou de desafio quando não está disponível uma rotina ou uma resposta automática) estudado pelas escolas acima citadas, indica a reação de pessoas saudáveis às pressões cotidianas e que poderiam ser desenvolvidas e fortalecidas com intervenções de caráter preventivo, sem recorrer ao conceito pouco psicológico e, portanto, de pouca ajuda, da "resiliência".
Outra contribuição destas escolas teóricas e de investigação são os estudos de Fatores de Risco Psicossocial no ambiente de trabalho (características das condições de trabalho e, sobretudo, da sua organização que afetam a saúde das pessoas através de mecanismos psicológicos e fisiológicos a que também podemos chamar de fatores de stress) que podem ser utilizados como ferramenta de prospecção de problemas e consequentemente intervenções de caráter preventivo. Os Fatores de Risco Psicossocial, como o próprio nome indica, enfocam aspectos específicos da organização e do ambiente de trabalho tais como: carga de trabalho excessiva, exigência contraditórias e falta de clareza na definição das funções e papéis, falta de participação na tomada de decisões que afetam o empregado, falta de controle sobre a forma como executa o trabalho, má gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral, comunicação ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e colegas, assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros etc.
Estes são apenas alguns exemplos que indicam um "novo" olhar para o sofrimento humano nas empresas e sugerem uma mudança na forma de encará-lo. A complexidade da vida organizacional contemporânea quase nos impõe uma nova forma de entendê-la e abordá-la.
Mais do que isso, já sabemos que a saúde emocional nas empresas tem etiologia multi causal e se manifesta de diversas formas em cada indivíduo, grupo ou empresa. Não será possível enfrentar esta realidade sem uma visão multidisciplinar que ajude a dar abrangência e peso ao tratamento e a prevenção das doenças emocionais no trabalho.
Diante deste tema sério e complexo parece não haver outra forma de tratá-lo senão com coragem e transparência. Até porque, sabe-se que sua manifestação no ambiente organizacional deve piorar se nada for feito, pois as pressões e as exigências feitas às pessoas no trabalho não devem diminuir nos próximos anos.

Fonte:http://www.rh.com.br/Portal/Qualidade_de_Vida/Artigo/9742/um-olhar-sobre-a-saude-emocional-na-empresa.html#

10 competências que todo profissional vai precisar até 2020

Pensamento Crítico, Inteligência Emocional, Gestão de Pessoas e Flexibilidade Cognitiva estão entre as 10 competências que todo profissional precisará desenvolver até 2020

São Paulo – Até 2020, 35% das habilidades mais demandadas para a maioria das ocupações deve mudar. A afirmação parte de relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial publicado nesta semana.
As mudanças são justificadas no contexto da chamada Quarta Revolução Industrial: era da robótica avançada, automação no transporte, inteligência artificial e aprendizagem automática.
Sim, nos próximos quatro anos estes e fatores sócio econômicos, geopolíticos e demográficos terão impacto direto no mundo do trabalho: seja no surgimento ou desaparecimento de profissões, seja no hall de habilidades demandadas pelo mercado. Muitas delas estão ligadas a ações ainda impossíveis de serem tomadas por máquinas. O foco do relatório está nos aspectos que ainda nos fazem superar os robôs.
Profissionais dos setores de mídia e entretenimento, consumo, saúde e energia, segundo o relatório, têm sido mais afetados desde já pelas novas exigências de suas atividades. Por outro lado, áreas de finanças, infraestrutura e mobilidade deverão ter transformações mais profundas nos próximos anos.
Como afirmou a professora Mireia Heras da espanhola IESE Business School, a única certeza é que tudo vai mudar por isso a flexibilidade e a adaptabilidade ganham tanta importância no contexto profissional.
Veja quais são as competências acessando o link abaixo:

http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/10-competencias-que-todo-professional-vai-precisar-ate-2020#1

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O trabalho pode prejudicar sua saúde de maneiras perigosas

Estresse: derrames cerebrais são responsáveis por uma em cada 20 mortes anuais nos Estados Unidos

Por Anna Almendrala, de Brasil Post
São Paulo - Alguma vez você disse que seu trabalho está te “matando”? A hipérbole talvez não seja tão exagerada quanto parece.
As pessoas com empregos que geram alto grau de estresse correm risco 22% maior de sofrer um acidente vascular cerebral, o popular AVC, comparadas àquelas cujo trabalho gera pouco estresse.
O contraste é ainda mais marcante no caso das mulheres: o risco de um derrame é 33% mais alto para aquelas cujo trabalho gera alto nível de estresse.
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Pesquisadores examinaram seis estudos de longo prazo conduzidos com um total de 138.782 participantes e constataram que, ao todo, o maior risco intensificado é o de AVC isquêmico.
Este é um tipo de AVC que abrange 87% dos casos e é decorrente de uma obstrução arterial causada por um depósito gorduroso.
Os derrames cerebrais são responsáveis por uma em cada 20 mortes anuais nos Estados Unidos. Também são a maior causa de invalidez grave de longo prazo no país, gerando custos médicos anuais estimados em US$ 34 bilhões.
O estudo não explica a possível ligação entre o risco de AVC e os empregos que geram alto grau de estresse, mas seu autor principal, Dingli Xu, da Southern Medical University de Guangzhou (China), aventou um palpite.
“É possível que empregos que geram muito estresse desencadeiem comportamentos poucos saudáveis, como maus hábitos alimentares, tabagismo e falta de exercício físico”, disse o médico em comunicado.
Para classificar os participantes nas categorias de empregos de alto ou baixo nível de estresse, os pesquisadores avaliaram suas ocupações, usando dois critérios.
O primeiro foi a demanda – ou seja, as pressões psicológicas do trabalho, como pressões de tempo, carga mental e responsabilidades de coordenação. O segundo foi o controle, ou seja, o controle que o funcionário pode ou não ter sobre as decisões ligadas ao trabalho.
Em seguida, classificaram o trabalho dos participantes em quatro grupos: baixa demanda e baixo controle; baixa demanda e alto controle, alta demanda e baixo controle e, por último, alta demanda e alto controle.
Os empregos foram classificados como sendo de “baixo nível de estresse” quando o trabalho era de baixa demanda e alto controle – por exemplo, empregos nas áreas de ciência ou arquitetura.
As pessoas com empregos de “alto nível de estresse” eram aquelas cujo trabalho era de alta demanda e baixo controle. Exemplo: trabalhos como o de garçonete ou auxiliar de enfermagem, no setor de serviços.

As pessoas que se enquadraram nas outras categorias de trabalho não apresentavam risco aumentado de derrame cerebral.
É crucial que indivíduos cujas ocupações são de alto estresse prestem atenção a problemas em seu estilo de vida.
Os participantes que faziam parte de outras categorias de trabalho (empregos “ativos” como o de médico ou professor, por exemplo, que reúnem alta demanda e alto controle) não apresentaram risco aumentado de AVC.
Em editorial que acompanha o estudo de Xu, a Dra. Jennifer Majersik, da University of Utah Health Care, escreveu que pesquisas científicas dos últimos 20 anos já apontaram para uma ligação entre doenças cardíacas e trabalhos que geram alto nível de estresse.
Majersik elogiou a meta-análise de Xu, dizendo que foi bem conduzida, mas ressalvou que ela não levou em conta os fatores preexistentes de risco de AVC nem mediu os níveis de inflamação e disfunção metabólica, variáveis que podem explicar o risco mais alto de AVC entre determinados grupos de trabalhadores.
Mas Majersik declarou que a análise de Xu lhe deu confiança suficiente para dizer a seus pacientes que seu AVC pode ter sido causado por estresse no trabalho e discutir com eles maneiras de reduzir o estresse sem abandonar seus empregos.
Xu escreve que uma maneira de reduzir o risco de AVC pode ser aumentar o acesso a terapia comportamental cognitiva e terapia de relaxamento, além de ajudar os profissionais a parar de fumar, seguir um regime alimentar saudável e praticar exercícios regularmente.

“Pelo fato de esta meta-análise ter revelado que a exposição a trabalhos de alto risco está associada a um risco intensificado de AVC, especialmente entre as mulheres, é crucial que indivíduos cujas ocupações sejam de alto estresse prestem atenção a problemas em seu estilo de vida”, conclui Xu em seu estudo.
Cada vez mais locais de trabalho (pense no Vale do Silício) estão investindo em terapias de relaxamento e benefícios de estilo de vida pensados para tranquilizar os profissionais e ajudar a deixá-los mais saudáveis.
Mas a maioria dessas intervenções se concentra em setores onde o nível de estresse é relativamente baixo, comparado ao dos profissionais do setor de serviços.
Os trabalhadores no setor de serviços muitas vezes são mal pagos, não têm controle sobre seu ambiente de trabalho e têm poucas oportunidades de promoção.
O setor de restaurantes, por exemplo, emprega 10 milhões de pessoas nos EUA e vem crescendo. Mas a maioria dos empregos no setor é mal paga, com muito poucos benefícios.
As garçonetes recebem em média US$ 10,15 por hora (cerca de R$ 40), valor que já inclui as gorjetas, e, segundo o Instituto de Política Econômica, um em cada seis trabalhadores em restaurantes vive abaixo da linha da pobreza.
Auxiliares de enfermagem – outra categoria citada especificamente no estudo de Xu – ganharam cerca de US$ 11,73 (cerca de R$ 46) por hora em 2012, segundo o Burô de Estatísticas do Trabalho.
Trata-se de outra categoria projetada para crescer rapidamente devido ao crescimento da população idosa no país e da necessidade crescente de clínicas residenciais de longo prazo para idosos.
Não importa qual seja seu trabalho, você pode reduzir o risco de sofrer um AVC se parar de fumar, seguir uma alimentação equilibrada e praticar exercícios regularmente.
Se seu trabalho é de alta demanda e baixo controle, a necessidade de seguir hábitos saudáveis é ainda mais urgente e pode salvar vidas, segundo estudos como o de Xu.
Esperemos que essa mensagem chegue aos ouvidos de todos os empregadores, e não apenas das empresas de tecnologia de mentalidade mais moderna.
Fonte: http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/o-trabalho-pode-prejudicar-sua-saude-de-maneiras-perigosas