terça-feira, 18 de setembro de 2012

Término: o ponto final no fim



Eu falo de amor a vida;
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso;
Você de azar ou sorte.
Eu ando num labirinto;
Você numa estrada em linha reta.
Eu experimento o futuro;
E você só lamenta não ser o que era.
Então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada.
A seta e o Alvo - Paulinho Moska


        Por que é tão difícil deixarmos aquela pessoa que não faz mais parte da nossa vida ir embora?

        O fato que negamos é que a pessoa não faz mais parte. E o que acontece é que insistimos em mantê-la presente no nosso dia-a-dia. E mantemos, muitas vezes, por egoísmo, por medo do que iremos sentir, por medo de não conseguirmos sobreviver sem a rotina que faz parte, que preenche o nosso vazio. O que tememos perder não é a pessoa em si, mas tudo que ela representa; tudo que ela proporciona para o nosso ego.
      O ponto central que nos impede de romper, de cortar o cordão emocional é o Medo. Afinal, se eu cortar esse cordão o que vai restar? Para onde eu vou? O que eu serei? O que eu farei?
            Por mais que, nos momentos de lucidez, de coragem de “virar a mesa”, de assumirmos o controle dos nossos desejos e vontades, racionalmente, temos consciência que acabou, que não tem como continuar, ainda assim não conseguimos colocar um ponto final. Afinal, precisamos continuar o que, sendo que não existe mais troca de carinhos, de olhares, de palavras, de entendimento. Que qualquer copo sujo é motivo de brigas, qualquer calcinha pendurada no banheiro é início da 3ª Guerra Mundial. Sem contar que o sexo é algo que quando acontece é tão automático que o desejo se resume em terminar logo.
             No entanto, optamos por alimentar a ilusão de que um dia algo possa acontecer e que voltaremos ao que fomos um dia. Nos apegamos a esperança de que “amanhã vai ser diferente”. Nada vai mudar, se nós não propusermos e praticarmos a mudança.
            Somos dominados pelo medo e ficamos inertes, cegos, apáticos. No fundo temos medo de nos arrepender, medo de sermos felizes sem esta pessoa, de assumirmos para nós mesmos que o sonho acabou, que nossas juras de amor não são eternas.
            Nos sabotamos a todo momento, criamos armadilhas, caminhamos para um lado, quando lá no fundo gostaríamos de estar indo para o outro lado. O medo nos faz refém, nos rouba a vida. Ele é articulado, eloquente, persuasivo. Ele faz surgir os mais convincentes e lógicos argumentos para não desapegarmos de algo ou alguém. Ele ressuscita crenças que, teoricamente, já havíamos superado, mas que assumem o comando novamente e transformam a maneira de vermos a realidade, ou seja, do jeito que é mais cômodo, que nos coloca “distantes” da dor da perda.
            E por mais que as pessoas nos digam que acabou, que está nítido o distanciamento, que tentem nos mostrar que estamos investindo nossa energia e tempo em algo que não existe mais, não adianta. Qualquer mudança só ocorrerá quando percebermos, genuinamente, que precisamos pensar diferente, aceitar a situação e assumir nossas escolhas rumo à felicidade dos dois.
Precisamos nos imaginar fora dessa condição de escravos do que um dia desejamos. Aceitar que é apenas um momento triste, de frustração, mas que existe vida após o término de um relacionamento. Existe a nossa vida.
Se continuarmos a alimentar nossos pensamentos com lamentações, insegurança, dúvidas, de que sem o outro não seremos mais nada; ou que se nós deixarmos a relação o outro vai morrer, continuaremos a sentir e a viver como um nada, como um corpo sem vida; morto. Assim, como esta ruim para nós é muito provável que esteja para a outra pessoa também. Que ela não esteja feliz, satisfeita e que não tenha mais o mesmo brilho no olhar de quando se era inteiro.
Segundo, Judith Viorst, enquanto a pessoa amada simbolizar certos ideais valiosos para nós, continuaremos a vê-la como uma pessoa ideal; como sonhamos e desejamos um dia. Porém, incoerente para o que somos e queremos hoje.
É necessário para nos sentirmos felizes e satisfeitos com as nossas escolhas, que aceitemos que essas expectativas que tínhamos com essa pessoa foi um ideal que não faz mais parte da nossa vida. Que precisamos virar a página para que os dois se sintam livres para seguir seus caminhos. Que devemos ser gratos por tudo que vivemos e ao nos libertarmos da cegueira do amor ideal teremos que enfrentar a realidade de que outras pessoas podem ocupar esse lugar, que outros relacionamentos podem nos proporcionar momentos de grande aprendizado e autoconhecimento. 

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