terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Comunicando o não-dito

A diferença entre as palavras que as pessoas verbalizam e o nosso entendimento do que elas dizem vem da comunicação não-verbal. Umas das formas de comunicação não-verbal é a “linguagem corporal”. Ao desenvolvermos a compreensão dos sinais da linguagem corporal, poderemos mais facilmente compreender os outros, e mais eficazmente nos comunicarmos.
Às vezes sutilmente – outras vezes de forma não tão sutil – usamos de movimentos, gestos, expressões faciais, com partes ou de corpo inteiro, indicativos de algo. A forma como falamos, andamos, nos sentamos ou estamos diz sempre algo sobre nós, e o que quer que aconteça interiormente pode ser refletido exteriormente.
Tornando-se mais consciente da linguagem corporal e compreendendo o que possa significar, podemos aprender a ler as pessoas mais facilmente. Esta compreensão coloca-nos numa melhor posição para comunicar eficazmente. Mais ainda, melhorando a nossa capacidade de compreender os outros, podemos tornarmos mais ciente das mensagens que veiculamos para os outros.
          A maioria das pessoas acredita que a fala é ainda a nossa principal forma de comunicação. Em termos evolucionários, a fala só passou a fazer parte do nosso repertório de comunicação em tempos recentes, usada fundamentalmente para transmitir fatos e dados. Estima-se que ela tenha se desenvolvido há cerca de 2,5 milhões de anos, tempo durante o qual o nosso cérebro triplicou de tamanho. Antes disso, a linguagem corporal e os sons produzidos pela garganta eram as principais formas de transmissão de emoções e sentimentos humanos - e continuam sendo até hoje, embora a excessiva atenção dada às palavras faça com que sejamos profundamente desinformados a respeito da linguagem do corpo e da importância que ela tem em nossas vidas.
A linguagem falada reconhece a importância da linguagem corporal para a nossa comunicação. Os atores do cinema mudo, como Charles Chaplin, foram os pioneiros das técnicas de linguagem corporal, então o único modo de comunicação disponível na tela. A técnica de um ator era considerada boa ou má à medida que ele fosse capaz de usar gestos e sinais corporais para se comunicar com o público. Com a popularização do cinema falado e a conseqüente perda de importância dos aspectos não-verbais da representação, muitos atores do cinema mudo caíram na obscuridade. Só sobreviveram os que eram dotados de talentos verbais e não-verbais.
Albert Mehrabian, professor de psicologia da UCLA, pioneiro da pesquisa da linguagem corporal na década de 1950, apurou que em toda comunicação interpessoal cerca de 7% da mensagem é verbal (somente palavras), 38% é vocal (incluindo tom de voz, inflexão e outros sons) e 55% é não-verbal. A questão era o aspecto que você tinha ao falar e não o que realmente dizia.
O antropólogo Ray Birdwhistel, pioneiro do estudo da comunicação não-verbal, calculou que, em média, o indivíduo emite de 10 a 11 minutos de palavras por dia em sentenças com duração média de apenas 2,5 segundos e estimou também que somos capazes de fazer e reconhecer cerca de 250 mil expressões faciais.
Tal como Mehrabian, Birdswhistel descobriu que o componente verbal responde por menos de 35% das mensagens transmitidas numa conversação frente a frente; mais de 65% da comunicação é feita de maneira não-verbal.
A maioria dos pesquisadores hoje concorda que as palavras são usadas primordialmente para transmitir informações, ao passo que a linguagem corporal é usada para negociar atitudes interpessoais e, em alguns casos, como substituta das mensagens verbais. Por exemplo, quando uma mulher manda "aquele olhar" para um homem, está lhe transmitindo uma mensagem muito clara sem precisar abrir a boca.
Como qualquer outra espécie, somos ainda dominados por regras biológicas que controlam nossas ações, reações, linguagem corporal e gestos. O fascinante em tudo isso é que o animal humano raramente tem consciência de que suas posturas, movimentos e gestos podem contar uma história enquanto sua voz está contando outra.

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