terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Eu e o outro: uma relação de eterno aprendizado





Como se relacionar com o outro de uma forma que as duas partes sintam-se atendidas em suas necessidades? Como manter relacionamentos diante das constantes mudanças e oportunidades que temos no nosso dia-a-dia? Embora sejamos seres pertencentes a uma sociedade, o relacionamento com o outro acompanha essas mudanças? E mesmo que a forma de relacionamento tenha sofrido algumas modificações, por conta das redes sociais, a globalização, celular, aplicativos, entre outros meios, a essência do relacionamento, o travar conhecimento com pessoas, fazer amizades, continua sendo o nosso desafio de sucesso.
Quantas pessoas conhecemos que são bem sucedidas, que bateram suas metas profissionais, que possuem mestrado, doutorado, e não conseguem ter sucesso nos seus relacionamentos. Sejam relacionamentos de amizade, profissionais e/ou afetivos. Construir relacionamentos, manter relações pode ser para muitas pessoas algo distante. Afinal, podemos aprender todas as outras coisas na vida: ciência, matemática, português, música, artes, trocar uma lâmpada, cozinhar, mas não aprendemos a matéria mais importante para a vida humana: como nos relacionarmos. Essa é uma matéria que cada um aprende por conta própria, com erros e acertos, simplesmente como uma consequência do crescimento, e é fato que não estamos fazendo um trabalho nada bom, visto a quantidade de pessoas insatisfeitas, infelizes e perdidas neste aspecto.
Segundo Subhash Puri no seu livro Separações Silenciosas, as relações humanas certamente estão uma confusão, sejam faladas ou silenciosas, mudas ou verbalizadas, e todos nós o sabemos. Todos nós podemos vê-las, senti-las e captá-las no ar; elas nos rodeiam. Existe uma profunda sensação de desarmonia e infelicidade reinando em nossos relacionamentos. Um irmão está magoado com o outro, as madrastas estão constantemente discordando de suas enteadas, os casais vivem implicando um com o outro, os amigos sentem raiva um do outro e não se entendem; o filho não quer ouvir o pai, e por aí vai. E isto ocorre mesmo sendo os relacionamentos uma parte essencial e irrevogável da vida.
E por que, sendo os relacionamentos fundamentais para nossa sobrevivência e bem-estar, não conseguimos alcançar o sucesso? A questão é que os relacionamentos são feitos por pessoas. São as interações entre estas duas pessoas, e não entre duas bocas ou duas ações. Sendo assim, a questão está em se perceber e perceber o outro como uma pessoa que é orientada por seus sentimentos, sua mente e emoções e um conjunto de características da personalidade, algumas herdadas e outras adquiridas ao longo de interações com a sociedade em que vivemos.
Como disse, um relacionamento é simplesmente uma questão entre duas pessoas: você e o outro. A saúde deste relacionamento depende muito de como nos ligamos ao outro, como nos tratamos, como entendemos os sentimentos um do outro, o quanto somos sensíveis às necessidades dele e assim por diante. Segundo Puri, a harmonia dos nossos relacionamentos é medida pela distância entre nós – a “distância mental”. Quanto maior a distância, mais infeliz será o seu relacionamento, mesmo quando ele está fisicamente intacto. Essa distância nas relações é criada pelas nossas ideias, sentimentos e percepções acerca do “outro”. A partir do momento que entendemos e aceitamos que o outro não é simplesmente o “outro”, mas alguém como nós, reduziremos essa distância.
Para tanto, antes de tentar entender o outro, precisamos nos conhecer, nos olhar. O autoconhecimento é, sem dúvida, um caminho para a melhora nos relacionamentos. Precisamos estar conscientes de que uma pessoa não pode existir sem a outra e de que somos nós os responsáveis pelo caminho que nossas relações vão tomar, sem culpar o outro pela desarmonia ou fracasso da relação. A relação é a interação. Não existe um culpado. Existem os responsáveis por essa “terceira pessoa”, por essa “construção” onde colocamos o que somos.
Se quisermos ser mais do que somos, se quisermos utilizar o máximo do nosso potencial, se quisermos evoluir nas nossas relações, precisamos estar em constante treinamento. O se conhecer precisa ser o exercício diário da observação dos nossos sentimentos, pensamentos e comportamentos. É como praticar um esporte ou exercer qualquer atividade que não dominamos. É importante a prática, a dedicação e saber aonde queremos chegar. Cometeremos muitos erros conosco e com os outros. No entanto, errar na busca pelo acerto é mérito de quem quer evoluir, crescer e alcançar um dos mais difíceis lugares no pódio: o topo nas relações com os outros.

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