quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A sombra nossa de cada dia



“Os tempos mudaram, mas nossos olhos e a maneira como nosso cérebro processa informações não mudam” Lung e Prowant

Embora tenham se passado mais de dois milênios, os desejos, os objetivos e a ingenuidade dos homens mudaram muito pouco. Nicolau Maquiavel escreveu “Os homens têm e sempre tiveram as mesmas paixões” e acrescento: as mesmas necessidades, os mesmos medos. Por mais que temos evoluído, não crescemos nada emocionalmente. Continuamos os mesmos, repetindo, muitas vezes, os mesmos comportamentos.
Agora você já parou para pensar que nossa vida, e a de todos, seria bem melhor se as pessoas assumissem quem são – sua dualidade, sua luz e sombra, o bom e o ruim, o bem e o mal. A questão é que projetamos no outro nossos desejos obscuros, nossa sombra – o que não admitimos em nós mesmos. Devemos ter a consciência de que ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo. A sombra nos pertence e podemos conviver muito bem com ela. É a existência da sombra que nos faz querer ser melhores, evoluir emocionalmente. Afinal, nada pode acabar com a sombra, pois não podemos nos separar da dualidade. Precisamos reprimir nossos instintos selvagens, porém, apesar de nossos esforços, haverá muitas derrotas. O caminho ideal para conviver bem com a sombra é ter consciência de que ela existe, afinal não é a resposta, os caminhos, que nos faltam – é sua aplicação. Segundo Deepak Chopra, há incontáveis caminhos para a cura da alma. Mas ninguém tem tempo, energia nem coragem para experimentar todos eles.
Com isso, o caminho que escolhemos é projetar nos outros nossa sombra. Muitas vezes nem nos damos conta de que temos o mesmo comportamento, a mesma forma de lidar com a situação. Não reconhecemos, não temos consciência desta nossa faceta. Por isso, o processo de autoconhecimento deveria ser uma prática constante de todo ser humano. Deveria ser algo estimulado dentro de casa, nas escolas, nas empresas, nas universidades, etc.
Entrar em contato conosco, termos a coragem de nos encarar no espelho de forma a enxergar nossos mais diversos ângulos é para poucos. Mas, hoje em dia, no mundo que construímos e continuamos construindo, se não soubermos lidar com as nossas emoções, com as nossas fragilidades, reconhecermos nossos pontos fortes e a nossa sombra, não sobreviveremos por muito tempo. Se sobrevivermos será por meio de medicamentos, drogas e outros meios de fuga de si mesmo. Reavaliar nossa vida, fazer um balanço de tudo que fizemos, tem que ser uma prática constante e não apenas na virada de cada ano.
Nos preocupamos em dominar as pessoas, conquistar as coisas e, nesta batalha externa, nos perdemos. Nos perdemos na nossa sombra. Quem sabe um dia nos daremos conta que a maior conquista de um homem é o conhecimento de si mesmo. O que lá nos primórdios foi dito por Sócrates – “Conheça-te a ti mesmo”. O maior domínio que podemos ter é das nossas emoções. Conhecê-las para usar a nosso favor e bem de todos.
O homem evoluiu. A pressão que vivemos hoje não vai diminuir. A competitividade só tende a aumentar. O caos, o estresse já está instaurado. No entanto, o contato consigo mesmo é imprescindível para a conquista da paz tão desejada, mesmo dentro do caos. Como disse Chopra, a alma humana é um lugar de ambiguidade, contradição e paradoxo. E é assim que deve ser, porque toda experiência da vida, que é manifestação da alma, é resultado de contraste. E não esqueça que o seu mundo é reflexo da sua alma, das suas escolhas.

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