domingo, 4 de dezembro de 2011

Somos quem queremos ser ou somos quem podemos ser?

A necessidade de conhecer-se sempre foi uma das angústias inerentes ao ser humano. Já nascemos e somos alguém, no sentido social, ou seja, já temos um nome e sobrenome. Isto é uma das etapas da construção do ser alguém, de se conhecer. E nessa construção nos deparamos com padrões, valores sociais, que nem sempre nos identificamos, mas que optamos seguir. E pelas nossas escolhas vamos nos construindo, dando forma a algo idealizado. Mas, idealizado por quem? Por nós mesmos? Pelos nossos pais? Pela sociedade? Será que somos quem queremos ser ou somos quem podemos ser? É fato vivemos numa época de valores e sentimentos fugazes. Temos mais ofertas, mais opções e na nossa sociedade de hoje temos a liberdade de escolher o que queremos, com quem queremos e como queremos. E ter a responsabilidade de escolher nos gera uma angústia que Sartre chamou de náusea, que nos faz ter que encarar, muitas vezes, a falta de sentido das nossas escolhas que formam o nosso existir, que dará sentido, ou não, a nossa existência.
Segundo o existencialismo sartreano não há determinações sobre o que devemos ser e fazer de nós mesmos. Não há uma natureza humana que defina o que todos os seres humanos devem ser e nada que defina o que seja ser humano. Para Sartre, somos as escolhas que fazemos, vamos construindo nosso ser no caminhar de nossa existência - somos donos do nosso destino. A pessoa deve produzir sua própria essência, porque nenhum Deus criou seres humanos de acordo com um projeto divino definido. Somos o que fazemos de nós mesmos, sendo assim somos quem queremos ser, de acordo com o contexto que vivemos. Quando diz "a existência do homem precede sua essência", ou "no homem, a existência precede a essência", ele quer dizer que o homem se apresentou no mundo sem qualquer projeto concebido previamente por um Criador. Não havendo tal essência, todos são iguais e igualmente livres para se fazerem. Quando dizemos que “somos quem podemos ser”, cremos que existe "algo" maior do que nós mesmos que decide nossa existência acreditamos que somos pré-destinados a ser o que somos; que tudo está determinado e, por conseguinte não somos responsáveis pelas nossas escolhas, somos vítimas do nosso destino e das mãos de algum “deus”. E segundo a visão sartreana estas pessoas agem de má-fé, não admitem que sejam responsáveis pelas suas escolhas. Enquanto o homem usar como pretexto entidades não vai conseguir construir uma autonomia e entender que ele pode ser o que ele quer ser, pois quando você não tem essa “Divindade” como subterfúgio, você se obriga a ser o dono de suas escolhas, do seu caminho, da sua existência.

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