quarta-feira, 23 de novembro de 2011

As bases cognitivas na construção de nossas realidades

Todo conhecimento é obtido por meio da experiência sensorial que chegam ao sistema nervoso central na forma de estímulos sensoriais provenientes dos nossos cinco órgãos dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e gustação). Quanto maior o número de experiências, mais acentuado será o desenvolvimento de uma pessoa, tanto nos aspectos motor, como no intelectual, emocional e comportamental.
O córtex cerebral possui um mapa do corpo para cada submodalidade de sensação compreendendo as áreas sensoriais primárias. As funções mentais complexas requerem a integração da informação de várias áreas corticais interligadas entre si. São as áreas de associação do córtex cerebral que envolve a personalidade, integração e interpretações das sensações, processamento da memória, produção de emoções, planejamento de ações, compreensão do esquema corporal e da linguagem.
Até pouco tempo, aceitava-se o pressuposto básico que os mapas corticais seriam fixos e praticamente imutável após a fase de total desenvolvimento do cérebro. Atualmente, sabe-se que a representação interna do espaço pessoal pode ser modificada pela experiência, e que os mapas corticais podem mudar, mesmo na fase adulta, com o uso das vias aferentes embasados nos princípios da neuroplasticidade. As conexões neurais estão continuamente sendo estabelecidas e desfeitas, todas modeladas por nossas vivências e nossos estados de saúde e doença.
Por meio da neuroplasticidade ocorrem novas conexões neurais redistribuindo a rede de transmissão de informações sensoriais e motoras ligadas à interpretação e planejamento motor, estabelecendo-se assim, uma nova rota de transmissão de informações sensoriais que podem influenciar no resultado final de nossa capacidade cognitiva.
A identificação de um objeto ou situação em particular ocorre segundo duas etapas básicas: a) sensação: consciência das características sensoriais de um objeto (forma, dureza, cor, tamanho); b) interpretação: as características sensoriais são comparadas com conceitos do objeto existentes na memória, permitindo sua identificação.
De um modo geral, todas as situações são percebidas de acordo com experiências anteriores com as quais elas se associam, com nossas expectativas, necessidades, além de fatores circunstanciais, inclusive por preconceitos e estereótipos fixados em nossa memória. Assim, nossa percepção pode não refletir o mundo exterior como ele é na realidade, e sim, como uma criação transformada e adaptada segundo nossos valores e padrões individuais resultantes de vivências anteriores, que sofreram modificações desde a captação da informação pelos nossos órgãos dos sentidos até sucessivas alterações de seu conteúdo original no decorrer de seu processamento pelas áreas de associação do nosso encéfalo.
Na maioria das vezes enxergamos o mundo, os outros com os nossos conteúdos, experiências, etc. e não como realmente são. Por isso, o desenvolvimento da empatia é fundamental para o entendimento real do que o mundo e os outros estão nos dizendo.

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