segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A medida da resignação e da transgressão

Resignação é uma qualidade ou defeito? – perguntou-me certo dia uma amiga. Não soube responder no momento e resolvi mergulhar nesta questão e durante minha pesquisa entre “Google” e livros releio um trecho da Alma Imoral de Nilton Bonder – “o verdadeiro grande crime do ser humano é que ele pode dar-se “uma simples volta” a qualquer momento e não o faz.”
A resignação pode ser sim uma excelente qualidade e exemplo de evolução em face de situações dolorosas e inalteráveis ou a frente de um infortúnio inevitável. Muitas vezes é necessário sim, acomodar a própria vontade e resignar-se. Ser resignado frente a uma situação ou transgressor é uma escolha de cada um.
Porém, ser resignado frente a todas as situações da vida é colocar sua vida na mão do destino, é ser figurante de sua própria vida.  Já transgredir é um processo, e o momento em que nos voltamos para outra direção, marca um novo segmento de nossas histórias individuais e coletivas. Transgredir é necessário. O momento de agora pode ser uma oportunidade para mudar o curso da sua vida, para fazer diferente e não mais atrair os mesmos resultados. É assumir a direção do seu caminhar. É dar espaço para todo seu potencial.
Resignação e transgressão podem ser tidas como um conflito entre o ir e vir, voltar e ficar, permitido e proibido. Mas, somos potencialidades, possibilidades e podemos usar as ferramentas que temos mediante nosso momento, vontade e contexto. Qualquer característica quando usada com medida, sem excesso pode ser uma qualidade. Transgredir foi e é fundamental para a evolução individual e do coletivo. Podemos sim transgredir e evoluir de uma forma ética, ou seja,  sem fazer mal a outrem. Muitos são os exemplos de grandes nomes que foram transgressores na sua época e que marcaram a história, como Sócrates, Buda, Gandhi, Martin Luther King, entre outros. Segundo Nilton Bonder nossa insensibilidade se beneficia daquilo que não rompe, das ditas “boas ações” que não ferem os códigos da moral animal. Cada vez que fazemos o esperado, reforçamos um padrão humano automático de torpor. Existe uma tendência em nós de querer agradar aos outros e à moral de nossa cultura e com isso vamos, gradativamente, nos perdendo de nós mesmos. A alma se faz perceptível no despertar e no horror. Se lhe faz bem, se não prejudica o outro, transgrida suas próprias regras, normas e leis. Permita-se espantar-se.


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