terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mais do que ensinar filosofia, senti-la.

A filosofia é feita de problemas mais do que respostas. A didática da filosofia é um problema também da filosofia, e não apenas da Pedagogia. É problema do filosófico e do modo como acontece sua comunicação. A didática da filosofia não pode estar desvinculada da própria filosofia. Ou seja, quando nos debruçamos sobre o problema do ensino da filosofia nos debruçamos também sobre um problema que é filosófico e uma situação que faz com que reflitamos sobre a própria definição de filosofia.
Husserl disse que para alguns pensadores a filosofia deixou de ser um enigma e que estes pensadores que ele chama de secundários, “não se podem se chamar filósofos, pois estes estão contentes com as suas definições”. Para Platão a filosofia nasce de um Espantar-se, que em grego significa thaumazein, sofrer o impacto do thauma, do maravilhoso. Fazer filosofia é também, problematizar tudo a partir de qualquer texto. Pois a partir dos problemas, que em grego se diz próblema (o que impede a visão), nascem outros e tantos outros. A filosofia vem do espanto diante do thaumata, diante do incompreensível, do dificultoso, dos problemas, assim sendo ela desta forma é definida por sua origem, por sua gênese.
É importante fazer filsofia, conhecer a história da filosofia, os passos dos pensadores, aprofundar-se e descobrir quais foram os problemas que eles indagaram, mas como diz Descartes vamos duvidar de tudo, de tudo aquilo que comporta dúvida. A skepsis (dúvida) tem que ser princípio, método, uma ação configurada. É um recurso de onde poderíamos ter um trabalho eficiente.
O aluno tem que ser estimulado a duvidar desde cedo, a dúvida deve fazer parte da sua formação, nem que seja um duvidar das suas próprias questões e, para isso o papel do professor é fundamental. O professor tem que ser “modelo” de dúvida, ele tem que fazer o percurso junto dos alunos, tem que duvidar para que possa buscar várias explicações e, ter como ferramenta a insaciável busca do saber. Deve exercitar o talento do pensamento, assim as tentativas filosóficas servirão de baliza e, nunca de termo de chegada.
Podemos definir filosofia como uma prática humana da desconfiança que deriva na prática humana da explicação. A filosofia deve ser concebida como tentativa de compreensão da filosofia em ato, não apenas por meio da produção científica, livros, artigos, etc. e sim, como uma ação, atividade, um fazer. Isso faz com que nos aproximemos mais da própria filosofia e que passemos isso a educação. É importante sim, conhecer o pensamento de Platão, Aristóteles, Sartre e tantos outros, assim como suas obras, sua história, mas fazendo apenas isso sem indagarmos, duvidarmos, investigarmos não estaremos cumprindo com totalidade nosso papel como educadores e filósofos.
            A filosofia é para mim a infinita busca do saber. É um mar onde eu quero morrer navegando, desvendando. E que seja a cada dia um novo “espantar-se.”


Referências Bibliográficas:

PAGOTTO-EUZEBIO, Marcos Sidnei. A forma da filosofia. Ed. do Autor, São Paulo. 2009. p. 52 a 56.
_____________________________.  Filosofia como formadora. Ed. do Autor, São Paulo. 2009. p. 58 a 62.

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