segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Filosofia da Educação e Sartre


Notamos que a educação brasileira reforça a reprodução da informação e não um pensar, ser livre. Em alguns assuntos temos o domínio do conhecimento, em outros somos reprodutores do que nos é passado, somos submetidos. O ambiente educacional deve proporcionar um sentimento de liberdade, de ser livre. E, isto não significa que eu posso tudo, mas que eu enxergue o Outro como parte das minhas escolhas e que sofrerá também as conseqüências dela, assim como eu. Sartre vê o Outro como um aspecto essencial da situação humana.

“Ser-para-outro não é uma estrutura ontológica do para-si (…). Talvez fosse possível pensar num para-si que fosse totalmente livre de todo para-outro e que existiria sem sequer suspeitar da possibilidade de ser um objeto. Mas esse para-si simplesmente não seria um ser humano.” (1942, p. 321; 1956, p. 376)

Então, o ser humano não é apenas um ser-para-si, mas um ser-para-outro. Sartre destaca que ele é um ser-para-muitos-outros. E a filosofia da educação também tem este papel de conscientização do Outro como diz Wesley Dourado em Dois ensaios sobre a filosofia da educação: o existencialismo e a não-referência, na medida em que sou responsável pelo outro, as minhas escolhas exigirão de mim responsabilidade e compromisso com o projeto de ser. É este projeto que conduz a minha ação, se não agir com má-fé. O homem está condenado a se inventar a cada instante, segundo Sartre. E a educação pode usar deste pensamento de Sartre para que o ambiente educacional não seja visto como um lugar vazio, sem sentido, apenas reprodutor. Sendo sim um exercício permanente de se rabiscar diversos projetos de ser, onde se pode construir seu projeto e que se possa repensar o que se é, o que se deseja ser, etc. Afinal, temos uma diversidade cultural imensa e no ambiente educacional recebemos estas informações e vivenciamos isso. E é por isso também que podemos escolher as diversas maneiras de ser.
E é neste mesmo ambiente que vivencio os limites das minhas ações individual e socialmente. Eu tenho responsabilidade com o meu projeto de ser no convívio com os outros. A educação da responsabilidade pelo outro. Podemos viver nossa liberdade consciente das nossas escolhas e da conseqüência que elas podem provocar no todo.

Referências Bibliográficas

DOURADO, Wesley Adriano Martins. Dois ensaios sobre a filosofia da educação: o existencialismo e a não-referência. Guia de Estudos, Ed. Do autor, p. 58-66, São Paulo, 2010
           SARTRE, O existencialismo é um humanismo, disponível em pdfhttp://stoa.usp.br/alexccarneiro/files/1/4529/sartre_existencialismo_humanismo.pdf Visitado em 23 de abril de 2010.

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